Em 20 de novembro de 2004, no Município de Felisburgo, região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, aconteceu um dos mais estúpidos massacres da historia de Minas e do Brasil. O latifundiário Adriano Chafik e mais 17 pistoleiros invadiram o acampamento Terra Prometida em plena manha de sábado atearam fogo nos barracos, escola e fortemente armados com pistolas, escopetas, rifles assassinaram 5 trabalhadores Sem Terra e balearam mais 12, entre elas uma criança de 12 anos.
As famílias vinham sendo ameaçadas há mais de 2 anos, sendo que vários Boletins de Ocorrência foram feitos na Delegacia de Policia local e nada foi feito pelas autoridades locais para evitar mais um massacre sangrento manchando nossa sociedade que se diz civilizada.
O suposto proprietário é dono de pelo menos mais três fazendas na região e pelo menos mais quatro fazendas no Sul da Bahia. Na Fazenda Nova Alegria em Felisburgo, o Instituto de Terras de Minas Gerais comprovou que pelo menos 515 hectares de terras são devolutas, ou seja, o fazendeiro grilou as terras públicas, mesmo assim, a fazenda não foi desapropriada. A policia prendeu Chafik por duas vezes e foi solto as duas vezes pela justiça brasileira. As famílias vítimas do massacre ainda estão traumatizadas e muitas delas ficaram invalidas para o trabalho da roça e nunca foram indenizadas pelo Estado e nem seus pertences pessoais não foram ressarcidos.
Nas se sabe se por ironia da historia, no mesmo dia 20 de novembro de 1995, o Bandeirante Domingos Jorge Velho saiu de são Paulo para assassinar o líder negro Zumbi dos Palmares em Alagoas, o fato é que o Brasil em toda sua trajetória histórica as elites brasileiras sempre recorreram à violência para manter seus privilégios. Assim foi com os povos nativos, com os negros, com os operários, com os menores de rua, com os Sem Teto, com os Sem Terra.
A razão de tanta violência tem sido sempre as mesmas: a ganância das classes ricas; a proteção do Estado brasileiro; a garantia da impunidade por parte da justiça; a desigualdade social em que as medidas do Estado não mudam a estrutura injusta de nossa sociedade. Os povos que se organizam para mudar essa estrutura injusta são perseguidos e criminalizados pelas elites, enquanto os cachoeira da vida vivem soltos e protegidos pela justiça.
Após mais de oito anos do Massacre de Felisburgo chegou a hora da sociedade mineira e brasileira fazer justiça, pois no dia 17 de janeiro de 2013 o assassino Adriano Chafik (réu confesso), irá a júri popular em Belo Horizonte. É a vez da sociedade dizer um basta a impunidade e aos massacres. É a oportunidade de exigir que se faça justiça na terra dos massacres. Queremos que se faça justiça condenando Chafik e seus pistoleiros com uma pena exemplar, pois do contrario continuaremos assistindo a violência contra nosso povo pobre que luta por melhores condições de vida. É momento também de exigirmos que se faça definitivamente a Reforma Agrária em nosso país para que possamos dar uma vida digna aos trabalhadores do campo e para produzir alimentos saudáveis para o povo brasileiro.