Policiais militares e pistoleiros invadiram, no dia 30 de outubro, o acampamento Santa Catarina, localizado na fazenda Pau D’Arco, no município de Manga (MG). Acompanhados pela fazendeira Iracema Navarro Morais e pelo oficial de Justiça conhecido como “Tonho”, eles atiraram contra as famílias camponesas, atearam fogo nos barracos, roubaram ferramentas e queimaram todos os pertences, inclusive seus documentos.
Os camponeses já vinham sofrendo intimidações por parte do tenente Jomar, que por várias vezes entrou nas casas dos trabalhadores sem qualquer mandato judicial ameaçando fazer uso do Batalhão da Polícia Militar de Januária para retirar à força as famílias e destruir o acampamento. Segundo relato dos camponeses, Iracema teria negociado com os policiais militares o pagamento de propina enquanto os mesmos queimavam os barracos do acampamento. Eles denunciam ainda que o fogo teria se alastrado por várias fazendas vizinhas, queimando pastos e ameaçando reservas e parques ambientais próximos.
A ação da Polícia Militar, orquestrada pela latifundiária, é ilegal já que não houve reintegração de posse contra o acampamento Santa Catarina. Iracema fez uso de uma liminar de reintegração de posse expedida contra o morador de outro acampamento localizado na mesma fazenda, sendo este já falecido. A liminar não cita o nome de qualquer morador do acampamento Santa Catarina. Tanto o Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais quanto o Incra afirmam desconhecer liminar de reintegração de posse contra o acampamento. De acordo com os camponeses, o acampamento está localizado em terras devolutas, que não pertencem a Iracema.
Atualmente, 52 famílias vivem e produzem no acampamento Santa Catarina. A prefeitura de Manga, aparentemente, é conivente com a violência contra os trabalhadores rurais. Logo após o encerramento das eleições municipais, a prefeitura cortou o fornecimento de água para o acampamento.