COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

 

 

KenoUm ato em Cascavel (PR), no dia 21 de outubro, marcou os cinco anos do assassinato de Valmir Mota de Oliveira, o Keno, militante do MST e da Via Campesina. O crime ocorreu em Santa Tereza do Oeste (PR), no acampamento Terra Livre, localizado na área onde a Syngenta realizava experimentos ilegais com transgênicos.

Cinco anos se passaram e o assassinato continua impune. A polícia responsabilizou o proprietário e nove funcionários da NF Segurança, empresa contratada pela Syngenta, e o ruralista Alessandro Meneghel. Já o Ministério Público do Paraná, além de oferecer denúncia criminal pelo assassinato de Keno contra essas 11 pessoas, também denunciou oito integrantes da Via Campesina sob a alegação de que eles assumiram o risco ao ocupar a área.

A Syngenta, embora não tenha sido responsabilizada pelo crime, deverá pagar uma multa ao Ibama por realizar experimentos com transgênicos na área de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, mas contesta a decisão na Justiça.

A homenagem a Keno, realizada no Centro de Ensino e Pesquisa em Agroecologia, contou com um ato político que teve a presença de autoridades, entidades e representantes da Via Campesina, e com o plantio de mudas no bosque do Assentamento Olga Benário.

 

 

*Com informações da página do MST e Terra de Direitos

 

 
Histórico de Luta – Acampamento Terra Livre

A partir de março de 2006 durante o COP 8 e MOP 3, a Via Campesina iniciou uma importante luta contra a transnacional Syngenta Seeds, que desenvolvia pesquisas ilegais em experimentos de soja e milho transgênicos, na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu. Prática proibida pela Lei de Biossegurança.

Os Camponeses e camponesas da Via Campesina ocuparam a área da empresa e organizaram a resistência por meio do acampamento permanente Terra Livre. O governo do estado do Paraná atuou com uma posição política firme, e a Via Campesina organizou ações de pressão e solidariedade em todos os continentes.

No dia 21 de outubro de 2007, a Syngenta contrata uma milícia fortemente armada que ataca as famílias no acampamento e executa o trabalhador Valmir Mota de Oliveira – Keno, militante do MST e da Via Campesina, além de deixar várias pessoas gravemente feridas.

 

Sempre presente na luta contra o agronegócio

Valmir Mota de Oliveira, o Keno, tinha 34 anos e deixou para todos o exemplo da sua militância incansável como membro da Via Campesina e do MST. Do Paraná para o Brasil, Keno organizou brigadas e acampamentos pelos estados onde passou. No Sergipe, no Maranhão, na Bahia, sua vida era na estrada. Viveu 10 anos em Brasília, onde conheceu sua esposa, Íris, com quem teve 2 dos 3 filhos. 

Seus pais, João Mota de Oliveira e Evanir de Oliveira, que estão há 23 anos no MST, participaram de uma ocupação pela primeira vez em 1985, em Juvenópolis, no Paraná. Na época Keno tinha 10 anos de idade e desde aquele dia sentiu-se parte do movimento. Com 18 anos partiu para a militância em outros estados. Retornou ao Paraná 10 anos depois.

Em Março de 2006, o Movimento dos Trabalhadores juntamente com a Via Campesina, ocupam a Fazenda da Multinacional Syngenta Seeds, como forma de denunciar os experimentos que a empresa vinha fazendo com sementes geneticamente modificadas dentro da faixa de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, em Santa Tereza do Oeste, Paraná. Logo após a ocupação, o Ibama multou a Syngenta em R$ 1 milhão justamente por ela descumprir a lei de preservação ambiental.

Os camponeses que estavam na área começaram a plantar alimentos para tentar recuperar os danos dos experimentos. Ficaram um tempo na fazenda, sofreram despejo e acamparam as margens da BR, até o governo do estado decretar que a área deveria ser de utilidade pública.

Após o decreto, os trabalhadores ocupam novamente, porém não passa muito tempo e sofrem mais um despejo, onde acabam montando acampamento no Assentamento Olga Benário, que fica ao lado. Nessa época, Keno e outras lideranças estavam sendo ameaçados por milicias da Sociedade Rural do Oeste do Paraná e pela Syngenta Seeds.

No dia 21 de outubro de 2007, o MST e a Via Campesina resolvem reocupar a área, pois havia rumores de que a empresa estava preparando a terra para plantar milho e soja transgênicos. Por volta das 06:30  da manhã, cerca de 200 pessoas ocupam a fazenda. Já era quase 12:00, quando um micro- ônibus cheio de seguranças e um carro cheio de armas chegaram e começaram a atirar contra todos. Keno foi atingido com um tiro na perna e outro no peito, além dele outras pessoas ficaram feridas.
    
Lembranças

“Keno era uma pessoa que valorizava as famílias na luta, que gostava de ver homens e mulheres na militância. Era um companheiro que defendia a organicidade.”

Célia Lourenço- Na época militava junto com Keno na Frente de Massa.

 

“Dois companheiros que eu admiro muito é o Keno e o Egídio, pois na militância sempre tiveram grande preocupação com os militantes. O Keno construía um espaço para as pessoas militar. Sua tarefa como militante  sempre foi em 1° lugar”

Ireno Prochnow, militante, conheceu Keno desde a adolescência.

 

“O Keno tinha uma atenção com a juventude, na região de Cascavel foi onde a juventude mais se inseriu. Ele acreditava na força da juventude, sempre tinha tempo para ouvir as pessoas”

Sandra Scheeren, miltante, conhecia o Keno desde 2003 na ocupação da Fazenda Cajati.

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