Nos dias 20 e 21 de outubro, a CPT realiza na Paraíba a 24ª Romaria da Terra e das Águas. Os participantes percorrerão 12 km, desde o município de Salgado de São Félix até Itabaiana, denunciando a situação dos trabalhadores do campo e a urgência de uma Reforma Agrária no país.
24ª ROMARIA DA TERRA E DAS ÁGUAS – ARQUIDIOCESE DA PARAÍBA
Tema: “A Natureza clama por Justiça”
Lema: “Os rios choram suas mortes”
20 e 21 de Outubro de 2012
Salgado de São Felix-PB a Itabaiana-PB (12 km)
CONVOCAÇÃO PARA A ROMARIA
A Comissão Pastoral da Terra tem o dever de manter viva a sua mística a respeito do uso da terra. Terra esta, que recebeu de Deus Criador, a missão de dar condição de vida, cuja culminância se manifesta na pessoa humana, que é chamada a dar a vida na terra e vocação da eternidade na vida futura, junto de Deus.
A CPT realizará mais uma Romaria da Terra, a 24ª. Venha participar! Venha renovar o sonho da Romaria da Terra. Venha louvar ao Senhor da Terra pelos ensaios desta reforma concretizada por aqueles que com grande esforço, enfrentando desafios, com perseverança na luta, conquistaram seu pedaço de chão que foi criado para ser a serviço da vida, trabalho e alimento e assim ao invés de ser a serviço do boi e do lucro, volta a ser a serviço da vida, trabalho e comida. Venha participar da Romaria da Terra nesta Arquidiocese. Este ano sairá da Paróquia São Félix para Itabaiana.
Chame seus amigos. Conheça a verdade sobre a Reforma Agrária e sobre a situação do campo, depois que a terra é desapropriada a serviço do homem do campo, que tem vocação para a agricultura familiar.
Venha louvar ao Senhor pela produção e vida nova experimentada pelos agricultores organizados. Venha participar do grupos daqueles inspirados na Palavra de Deus e que continuam cobrando das autoridades, direitos e respeito a Reforma Agrária, o uso da terra pelos que dela precisam. Venha conhecer a prática dos assentados, sua vocação de trabalhadores a serviço da agricultura familiar.
A natureza clama por justiça, os rios choram suas mortes. Os entendidos no assunto quanto ao tratamento ecológico, reconhecem que o planeta está sendo agredido. O direito do rio está sendo desrespeitado. Um triste exemplo disto é a afronta fatal ao Rio Paraíba, cada vez mais largo e fundo.
Os agricultores, que habitam próximo ao rio, lamentam e se sentem prejudicados na diminuição de suas terras vendo suas ribanceiras cada vez mais engolidas pelo rio, este explorado pela tiragem em grande escala de sua areia. Sentem falta de pastagem para seus animais especialmente no tempo de verão.
O ser humano é a única criatura no mundo com dom do juízo para conservar a vida no planeta, através da ciência que cada vez mais aumenta seus conhecimentos. Muitos perguntam, até quando os entendidos no assunto vão se deixarem levar pelo lucro de alguns e liberam autorizações em prejuízo de tantos outros?
Por tudo isto, esta Romaria quer ser meio de denúncia. Venha e traga outras pessoas, vamos denunciar esta irregularidade que prejudica tantos. Venha mostrar sua consciência ecológica e gritar juntos por um planeta a serviço da vida.
Pe. João Mary Cauchi
RIO PARAÍBA
O Rio Paraíba nasce a mais de mil metros de altitude na Serra da Jabitacá, município de Monteiro, na Paraíba, divisa com o Estado de Pernambuco. Seu curso total é de 380 quilômetros e segue o sentido sudoeste-leste, quando então deságua no oceano Atlântico. Percorre toda a região centro-sul da Paraíba. Essa deságua acontece entre os municípios de Cabedelo, Lucena, Santa Rita, Bayeux e João Pessoa, formando uma foz do tipo mista.
Embora seu nome signifique rio ruim, impraticável, na linguagem indígena, o rio Paraíba é um dos mais importantes do Estado, devido à sua extensão e relevância econômica. No entanto, apesar de congregar afluentes, manguezais, açudes e represas, o rio Paraíba vem sofrendo progressiva degradação, com a extração, desordenada, de retirada mecanizada de areia do seu leito.
Desde os anos de 1990, vem sendo realizado a extração mecanizada de areia no leito do rio Paraíba. No entrando, na última década, o processo tem se intensificado, trazendo preocupação para as populações ribeirinhas e ambientalistas, principalmente, nos municípios de Salgado de São Félix, Mogeiro, Itabaiana, São José dos Ramos, Pilar, São Miguel de Taipú, Cruz do Espírito Santo e Santa Rita.
Em vários trechos do rio o cenário é de destruição. São mais de 300 km explorados por cerca de 30 empresas, essa exploração acontece com várias dragas que são colocadas dentro do rio para retirar areia. Há denúncias de que a areia esteja sendo vendida para outros países. As dragas são cenas diárias, que impõem ritmo diferente ao da recuperação natural – já que não existe ação governamental para impedir os danos.
Impulsionados por dragas de sucção, dunas de areia se formam ao longo da margem do rio Paraíba. De acordo com moradores ribeirinhos e ambientalistas, diuturnamente, são retirados em torno de 60 caminhos de areia, em cada local onde estão instaladas as dragas. A extração, pelo processo de mecanização, desestrutura e desequilibra o meio ambiente, uma vez que contribui para a derrubada de barreiras do rio, esvaziamento dos poços artesianos usados pelas comunidades rurais e urbanas, bem como a quantidade de peixes que são mortos ou extintos do rio, alargamento e buracos no rio, causando morte de pessoas, destruição da mata ciliar e tem aumentado o processo de desertificação para uma região que já tem cerca de 75% nesta situação. O rio está morrendo, é preciso acordar, denunciar esta situação, são muitas empresas que estão enricando e deixando cada vez mais pobre o rio, estão matando o rio, por isso precisamos acordar!!!
Com o objetivo de denunciar essa prática de retirada mecanizada de areia, recentemente, foi criado o Fórum de Preservação e de Defesa do Rio Paraíba, constituído por várias representações da sociedade civil organizada, Igreja, Mandato Popular do Deputado Estadual Frei Anastácio, sindicatos e associações de trabalhadores rurais das áreas envolvidas pela extração, objetivando construir ações que chamem a atenção do problema, com a busca de saídas para conter a devastação do rio Paraíba. Essa luta precisa ser de todos, vamos acordar, vamos denunciar!!!
PERCURSO
Início da Romaria: Salgado de São Félix;
Caminhada de 7 km;
1ª parada – Guarita;
Caminhada de 3 km;
2ª parada – Campo Grande;
Caminhada de 2 km;
Encerramento da Romaria: Itabaiana;
O QUE É A ROMARIA DA TERRA?
Mais uma vez a palavra de ordem está sendo proclamada: PARTIR É PRECISO! Enquanto não chegamos à terra por Deus prometida, é necessário retomar a caminhada. A Romaria da Terra é sinal de que ainda não chegamos ao termo da viagem. E é sinal também de que não perdemos a esperança: a hora da libertação vai vir! Mas é, sobretudo, sinal de nossa fé no Deus que salva e liberta, no Deus que marcha à frente do seu povo. Nossa romaria é uma celebração feita com piedade e devoção. Não é um ato político, não é um passeio: é reza dos filhos de Deus desejosos de conhecer melhor a vontade do Pai.
Nossa Romaria é também uma parada. Quem viaja faz paradas para abastecer o carro, para comer alguma coisa ou repousar. Nossa parada é principalmente para contemplar e recordar as maravilhas de Deus. Contemplar o Reino que vai sendo construído, contemplar a organização do povo e sua capacidade de resistência, recordar as lutas do Povo de Deus da Bíblia e a Conquista da Terra Prometida. A Romaria é parada para suplicar também. Vamos pedir a graça de não desanimar diante das dificuldades, a luz para enxergar bem o caminho e os passos a serem dados, a coragem de ir em frente com os irmãos e nunca sozinho.
Romeiros da Terra! Nossa Romaria começa aqui, mas só vai terminar no Céu! Vamos com Deus, nosso Pai, com Jesus, nosso Irmão, com o Divino Espírito Santo, nosso Consolador e com a Virgem Maria, nossa Mãe e companheira.
Dom José Maria Pires