Dois meses depois de assumir a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o economista gaúcho Carlos Guedes de Guedes começa a colocar em prática um plano para modificar profundamente a atuação da autarquia, com mais ênfase no aumento da produção de alimentos dos assentados.
De Tarso Veloso, jornal Valor
Até então visto como somente um provedor de terras e um "braço operacional" das reivindicações dos movimentos sociais, o Incra planeja se concentrar na melhoria da qualidade de vida dos assentados por meio do aumento da renda proveniente da produção rural.
"Vamos continuar assentando, mas nossa prioridade é fazer isso com qualidade e não apenas bater recordes em números de assentados. Em décadas passadas, o Incra se consolidou como um espaço de resposta às demandas que os movimentos sociais apresentavam com muita contundência", disse Guedes.
"Nessa época, governos colocavam recursos para atender às demandas recebidas dos movimentos. Já a partir do governo do presidente Lula a dinâmica mudou. Nós temos programas de educação, moradia, política de infraestrutura para o campo", explicou.
Com respaldo da presidente Dilma Rousseff, o Incra vai deixar as aquisições de terras em segundo plano e concentrar sua atuação na regularização fundiária do Nordeste. Na região, 59.719 imóveis foram regularizados em 2010 e 49.274 em 2011. A pedido de Dilma, o Incra dará mais assistência técnica aos produtores assentados para que eles possam ter renda.
"Dilma está confiante em mostrar para o Brasil que os assentamentos são uma oportunidade de geração de renda e qualidade de vida das famílias. Ela quer que o Incra se aproxime do conjunto de programas do governo. Precisamos criar condições para que os principais programas governamentais cheguem nos assentamentos seja na área social, como o Brasil Carinhoso, como na infraestrutura, como o Minha Casa, Minha Vida".