A partir do debate que realizamos sobre a economia verde, afirmamos nosso posicionamento contrário ao discurso que a apresenta como a solução para os problemas que o planeta enfrenta a partir das mudanças climáticas.
Entendemos e reafirmamos que a grande responsabilidade pelo aquecimento global, e consequentemente pelas mudanças climáticas, recai no modelo de desenvolvimento de nossa sociedade atual, modelo este que possui como um de seus fundamentos a economia capitalista.
Neste sentido, entendemos que a economia verde, na perspectiva que vem sendo discutida e apresentada pelos grandes grupos econômicos e governos, nada traz de novo e de concreto para solucionar os problemas, e apenas se constitui numa espécie de “nova roupagem” para o mesmo sistema; ou seja, o próprio causador da doença tenta apresentar agora o que seria o remédio, numa clara tentativa de manipular a crise ambiental.
Sabemos que a economia verde não passa, na realidade, de uma estratégia do capitalismo para continuar sua acumulação e expansão a partir da tentativa de tratar a natureza como uma espécie de “capital natural”, colocando preço em todos os serviços que plantas, animais e o ecossistema como um todo oferecem à humanidade de forma gratuita.
Posicionamos-nos contra a economia verde e todos os demais instrumentos apresentados pelo mercado e assumidos pelos governos no bojo da discussão do combate às mudanças climáticas: Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), Pagamento por Serviços Ambientais, Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e Mercado de Carbono. Todos estes instrumentos nada mais são do que uma tentativa de pintar de verde a economia capitalista, que, na verdade histórica, sempre foi cinzenta, por causa dos altos níveis de poluição que joga em todos os espaços do ambiente vital da Terra. Não passa, por isso, de uma falsa solução, uma ilusão de resolução do problema.
Manifestamos publicamente nosso posicionamento para que a presidente Dilma Rousseff, numa demonstração de coerência, escuta e respeito à vontade e soberania popular, vete integralmente o texto do Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional. Ele atende tão somente ao interesse de expandir ainda mais o campo de atuação e, consequentemente, todas as mazelas sociais e ambientais causadas pelo agronegócio.
Por tudo isso, dizemos não à “precificação” e financeirização da natureza e reafirmamos nossa crença e esperança em formas de convivência que garantam a satisfação das necessidades dos povos sem colocar em risco a própria sobrevivência humana no planeta. Assumimos a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental contra a Mercantilização da Vida e da Natureza em defesa dos Bens Comuns como uma importante oportunidade para construirmos, a partir dos povos e com os povos, as verdadeiras e reais soluções para os graves problemas que põem em risco a Criação.
Brasília, 25 de maio de 2012.
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social