COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

encontro unitario coletivaRepresentantes das entidades organizadoras do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas participaram nesta manhã (20/08) de uma coletiva de imprensa com órgãos da mídia nacional e internacional. Eles falaram sobre a expectativa em torno deste momento histórico para o campo brasileiro bem e sobre as principais pautas reivindicadas pelas organizações.

 

Do blog do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas

 

Willian Clementino, falando em nome da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), apresentou a programação do Encontro Unitário afirmando que este será o momento de fazer uma boa análise de conjuntura do campo, suas contradições e as alternativas propostas pelos trabalhadores. “Não haverá nenhum programa de combate à pobreza que não passe pela Reforma Agrária. Este é um princípio para todos nós”, afirmou.

Elisângela Araújo, membro da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF), salientou que este é um momento de grande importância para o fortalecimento de um setor primordial para o desenvolvimento do país.

Para ela, o Governo Federal tem ignorado as pautas dos agricultores que “produzem 70% dos alimentos neste país e não tem acesso a crédito, a pesquisa e a tecnologia”. Ela insistiu que o Encontro tem o compromisso com pautas estruturantes que dialoguem com a sociedade, modifiquem o conceito de desenvolvimento em curso no Brasil e fortaleçam a unidade entre as organizações do campo e da cidade.

Para João Pedro Stédile, que falou em nome da Via Campesina, a sociedade brasileira vive refém do agronegócio, um modelo concentrador de terra, destruidor do meio-ambiente e que visa somente a multiplicação de lucros e não a produção de alimentos para o povo brasileiro. “Este modelo não incorpora os trabalhadores porque não gera trabalho nem renda e impossibilita a permanência no campo’, afirmou.

Para ele o governo tem se reduzido a planos medíocres de crédito para os camponeses, enquanto  facilita para o grande capital o que for necessário para avanço sobre o território brasileiro. “Para os movimentos reunidos neste Encontro Unitário a produção de alimentos saudáveis é central em um projeto alternativo de agricultura. E queremos dialogar com a sociedade. É ela quem decide e não o governo”, enfatizou.

Otoniel Ricardo Guarani, membro do povo Guarani Kaiowá e Nhandeva do Mato Grosso do Sul, denunciou a discriminação e a violência sofridas pelos povos indígenas em todo territorial nacional, sobretudo em seu estado de origem, onde os grandes proprietários anunciaram pela imprensa que haverá conflito armado com os indígenas. Otoniel lembrou que ele mesmo é uma das dezenas de lideranças ameaçadas e que estão sob proteção policial no Brasil.

Ele cobrou que o Estado brasileiro intervenha e resolva esta questão em obediência as suas próprias leis. ”É revoltante que o governo, que deveria resguardar o que diz a Constituição, desrespeite os povos indígenas avançando com grandes empreendimentos como mineração e barragens, coisa que ele mesmo disse que não abre mão”, afirmou.

Em nome da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Denildo Rodrigues denunciou o atual desmonte da legislação que dificulta aos quilombolas ter acesso às terras ocupadas por eles historicamente. Lembrou que, de todo o público atendido pelo programa Brasil sem Miséria do Governo Federal, 70% é negro, o que comprova as marcas deixadas pela escravidão muito recentemente abolida no Brasil.

“Em todo o país existem 5000 comunidades quilombolas e pouco mais de 200 estão reconhecidas. Enquanto isto, o governo avança com grandes empreendimentos, principalmente com hidrelétricas, expulsando comunidades e aprofundando miséria no campo. Neste contexto este encontro unitário é uma conquista mostrando que o campo está unido contra este modelo de desenvolvimento buscando apresentar alternativas para a sociedade brasileira”, enfatizou.

Mais de sete mil pessoas participam do Encontro Unitário dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas que prossegue até na quarta-feira (22), dia em que haverá uma Marcha na Esplanada dos Ministérios com a presença de 10 mil manifestantes.

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