COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

A convite da CAFOD, entidade parceira da CPT, José Batista Afonso, advogado da Pastoral em Marabá, no Pará, participou durante o mês de junho e julho, de atividades na Europa com parlamentares, estudantes e igrejas, em que denunciou os crimes cometidos contra os povos do campo, o desmatamento da Amazônia e a importância do bioma para as questões climáticas mundiais.

(fotos: Comissão do Episcopado da União Europeia)

Durante reunião com parlamentares europeus em Hove, na Inglaterra, dentro da programação da “The Time is Now”, José Batista se encontrou com alunos da Cardinal Newman Catholic School, que queriam saber o que poderiam fazer para contribuir com a Amazônia. Batista, que também falou sobre como os direitos das comunidades na Amazônia são desrespeitados pelo agronegócio, pela mineração e pela destruição ambiental da Amazônia, destacou que: "precisamos que os jovens nos ajudem nessa luta. Como estudantes, encorajo vocês a estudar quais são as ameaças para a Amazônia. É importante que vocês entendam a Amazônia e seu papel na regulação do clima no mundo, incluindo a manutenção do suprimento de oxigênio, água doce e precipitação para este planeta. Precisamos agir agora para proteger a Amazônia e as pessoas e comunidades que a defendem para todos nós".

Depois de participarem das atividades do “The Time is Now” - que foi organizado por mais de 100 organizações que formam a The Climate Coalition e Greener UK, e contou com a participação de mais de 300 parlamentares europeus - os estudantes que conversaram com o advogado prometeram fazer mais para ajudar o meio ambiente.

Durante a celebração religiosa de encerramento da Conferência, em Church House, Batista destacou em seu discurso que “Meu trabalho é acompanhar e defender famílias de agricultores pobres em toda a diocese de Marabá, no Pará, Amazônia, onde atuo, e cujas terras estão ameaçadas. O Papa Francisco, através de seus ensinamentos, diz que quando ele olha para a Amazônia com toda a sua diversidade de povos, florestas e vegetação, ele vê a totalidade da Criação como descrito no capítulo um de Gênesis. Mas esta Amazônia está sob séria ameaça, devido à expansão desordenada de fazendas de gado, plantações de soja, mineração, desmatamento e expulsão das comunidades de seus territórios. Nas últimas três décadas, 20% da floresta amazônica foi destruída. Na minha diocese, ao longo dos anos, 54 pessoas foram assassinadas e muitas outras vivem ameaçadas, devido à expansão do agronegócio. A Igreja e a nossa Comissão Pastoral da Terra estão realmente assustadas. Mas nós e nosso povo temos muito a agradecer por causa do apoio que recebemos de vocês. Por mais de duas décadas a CAFOD tem apoiado nosso trabalho: esta ligação da Europa com o Brasil é de vital importância para nós. A Amazônia é a região com a maior biodiversidade do nosso planeta e, por isso, pertence a todos nós. O Papa Francisco está tão preocupado com a Amazônia, que chamou um Sínodo especial dos Bispos para a Amazônia no final deste ano. E assim, cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa luta contra as mudanças climáticas”.

Batista: “Acordo comercial UE-Mercosul pode levar a mais conflitos de terra na Amazônia brasileira”

Nas últimas quatro décadas, 20% da floresta amazônica foi destruída. O Brasil detém cerca de 60% de todo o bioma amazônico, mas a Amazônia - o ecossistema mais importante e biodiverso do mundo para regular o clima global, acesso à água doce, chuva e oxigênio - está desaparecendo em velocidade assustadora. Em seu caminho estão as pessoas que chamam esse lugar de lar. Para o advogado, “o Estado tem fracassado em proteger seus bens fundiários, permitindo que uma indústria de apropriações de terras públicas, por grupos poderosos, ameaçasse os territórios das comunidades que vivem e defendem a floresta. Durante décadas, estivemos no meio de um conflito na Amazônia brasileira: entre aqueles que lutam para proteger suas florestas, terras, rios e povos; e aqueles que querem destruí-lo para obter ganhos financeiros, violando os direitos de seus habitantes e cometendo crimes ambientais”.

Os conflitos pela terra estão aumentando em todo o Brasil. Em 2018, um milhão de pessoas nas áreas rurais foram afetadas, segundo dados da CPT - um aumento de 11% em relação a 2017.

O acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, assinado recentemente, pode levar a ainda mais conflitos por terra na Amazônia brasileira, devido ao aumento dos preços da terra, da pecuária em larga escala e da produção de soja para exportação para a Europa. “A partir da minha visita ao continente europeu, e junto com a CAFOD, estamos pedindo compromissos governamentais obrigatórios da UE para garantir que novas importações de carne, madeira e minerais da Amazônia brasileira não sejam o resultado de atividades criminosas contra o meio ambiente e contra os povos e comunidades que protegem a floresta para todos nós”, destacou José Batista.

 

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