A aldeia Dace Wat Pu do povo munduruku do Médio Tapajós foi beneficiada com um projeto de Energia Solar. Em parceria com a Comissão Pastoral da Terra da Prelazia de Itaituba (PA) e com apoio da MISEREOR, o projeto desenvolvido beneficia as famílias da aldeia, que fica na margem direita do rio Tapajós, próximo à comunidade ribeirinha de Pimental e à aldeia Sawre Muy bu. Esse território é marcado pela resistência e luta contra a Barragem de São Luiz do Tapajós.
(CPT Itaituba)
Para o cacique Walter Munduruku, “a energia solar é uma fonte que não expulsa o nosso povo de suas terras nem agride o meio ambiente. Para nós, esse projeto também é uma forma de resistência aos projetos de barragens que querem construir no Tapajós, e por isso também é uma forma de continuar denunciando e resistindo”.
A região do Tapajós é marcada por intensos conflitos dentro do contexto amazônico, no qual os interesses desenvolvimentistas das grandes empresas, que não levam em consideração a vida dos povos que ali habitam, e tendo o Estado como seu principal aliado, visam a destruição dessa região que é rica em sua biodiversidade. Os grandes projetos hidrelétricos, minerários e portuários, representam para as populações locais um cenário de graves Violações de Direitos Humanos que já ocorre na região, além de uma grande ameaça à suas culturas e tradições, principalmente para o povo indígena Munduruku.
O projeto da energia solar é uma demanda da aldeia há muito tempo, pois foram as próprias famílias que solicitaram esse apoio diretamente aos parceiros da MISEREOR, e o papel da CPT foi contribuir para o fortalecimento da luta dos povos do Tapajós em defesa de seus territórios. É nesse sentido que a CPT desenvolve seu trabalho na região, junto às demais organizações parceiras dessa luta. “Esperamos que mais comunidades e aldeias possam futuramente ser beneficiadas através de iniciativas de projetos como este, que atende às necessidades básicas dos povos do Tapajós, visando a qualidade de vida com respeito ao meio ambiente e o modo de vida das populações tradicionais”, destaca Raione Lima, coordenadora da CPT BR-163 prelazia de Itaituba.
Não aos projetos de Barragens no Tapajós!
“O índio luta contra a barragem para que suas crenças, seus costumes e tradições não sejam alagados. Com a construção da barragem o índio vai perder seu território, suas origens, sua identidade e isso mexe com o sagrado, que para o índio é indiscutível. Queremos agradecer em nome do povo Munduruku, em especial os indígenas da Aldeia Dace Wat Pu às instituições que ajudaram nesse projeto de grande importância para nossa aldeia, MISEREOR, ao Bispo Dom Wilmar e Comissão Pastoral da Terra (CPT), isso mostra que não só nós o povo indígena tem uma preocupação com a nossa região, na questão de barragem e outros projetos que vem para acabar com o sossego do índio e do povo que vive na beira do rio, muito obrigado por essa parceria” - Edvaldo munduruku, professor e morador da aldeia.
“Lutamos para que não seja construída barragem no nosso rio. O rio é nosso freezer, é de lá que os homens tiram nosso sustento, a floresta é nosso supermercado, é lá que os guerreiros vão caçar, não comemos nada de gelo e sim do rio e da floresta” - Maria Madalena Karo Munduruku.