COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. Foi com essas palavras que o Frei José Firmino, em celebração religiosa, abriu a 26ª Assembleia da Comissão Pastoral da Terra em Alagoas (CPT-AL), no município de Paripueira. Com o tema “Terra, Trabalho e Direitos”, o evento teve início hoje (9) e segue até amanhã reunindo camponeses e camponesas do litoral, sertão e zona da mata.

 

 

(Fonte: CPT Alagoas)

 

A abertura foi marcada de homenagens às 23 famílias do Acampamento Santa Mônica, despejadas na última quinta-feira do imóvel Fazenda Lagoa da Jurema, em Belo Monte. Os movimentos sociais presentes e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) firmaram solidariedade com a CPT e as famílias na busca de pressionar o poder público solucionar o problema. Uma reunião é esperada com o governador do estado, Renan Filho (PMDB), para a próxima quarta-feira (11).

 

“Foram mais de 50 reintegrações de posse emitidas do final de 2014 para cá. Não aceitaremos mais despejos. Por isso, o MST ocupou ontem o Ministério da Fazenda aqui de Alagoas e, junto à Pastoral da Terra, firma o compromisso de avançar na luta. Para cada despejo, realizaremos uma nova ocupação”, afirmou Zé Roberto, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra.

 

O Certificado Resistência, reconhecimento conferido pela CPT a um acampamento ou assentamento destaque no ano anterior, foi entregue ao Acampamento Santa Mônica. Carlos Lima, coordenador regional da Pastoral, disse, com tristeza, que pela primeira vez o certificado estava sendo entregue a camponeses que estavam desalojados da terra e de suas casas.

 

“O tema de nossa assembleia é baseado no ensinamento do Papa Francisco: ‘nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra e nenhum trabalhador sem direito’. É um dever nosso, quando acabar essa assembleia, tomarmos os latifúndios improdutivos para alojar cada camponês sem-terra de Alagoas”, assegurou o coordenador da CPT.

 

Severino Freitas, camponês expulso do Acampamento em Belo Monte, com o Certificado em mãos, não escondeu o seu descontentamento pela decisão da Vara Agrária em tirar camponeses da terra e entregá-la a um dito proprietário que nem o termo de posse apresentou.

 

“Doeu no coração ver uma mãe de família, que tinha duas tarefas de terra, de onde tirava a macaxeira, a banana, o feijão para alimentar os seus filhos, desalojada e as crianças chorando de fome”, disse seu Severino.

 

Amélia Fernandes, presidente da CUT, assinalou que em Alagoas há um desafio especial para os movimentos sociais, já que o governador já demonstrou como vai tratar os trabalhadores e estudantes em sua gestão. “Renan Filho já demonstrou que sua política é de violência e agressão aos movimentos sociais, como fez jogando bombas em estudantes, vigilantes e motoristas de ônibus que reivindicavam transporte para estudar e trabalho. Temos que unificar nossas forças para lutar”, afirmou Fernandes.

 

Combater o agronegócio e o latifúndio

 

Os movimentos sociais do campo e a Pastoral da Terra denunciaram a política de Dilma para o País e, em especial, para os trabalhadores rurais. Zé Roberto lembrou que desde Fernando Henrique Cardoso, o Brasil adotou o modelo neoliberal para a sua agricultura, surgindo o agronegócio, e, desde então, a Reforma Agrária “só cresce igual rabo de cavalo, para baixo”.

 

“O agronegócio não produz alimentos, produz mercadorias para serem exportadas. Ele não permite a distribuição das terras, avança na transgenia da produção e envenena a agricultura. Para piorar, estão querendo a liberação do eucalipto transgênico, que é um perigo para o Brasil. Um pé de eucalipto consome trinta litros de água por dia. Quer dizer, a água que tem servirá só aos latifundiários de eucalipto”, denunciou o coordenador do MST.

 

A irmã Cícera Menezes, coordenadora da CPT, condenou o latifúndio com as palavras bíblicas do profeta Isaías: “Ai daqueles que juntam campo a campo, casa a casa, ai daqueles que lucram com as lágrimas dos outros”.

 

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline