Maria Aparecida da Luz, agente da CPT em São Paulo e assentada na região, foi uma das três pessoas homenageadas por sua luta contra a discriminação racial e o preconceito. A entrega do Prêmio encerra o “Mês da Consciência Negra” no município, que teve diversas atividades desde 8 de novembro.
(Câmara Municipal de Bauru)
O Conselho Municipal da Comunidade Negra de Bauru, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, realizou na última quinta-feira (11), às 19h30, a solenidade de entrega da 11ª edição do Prêmio “Zumbi de Palmares”, na Câmara Municipal de Bauru.
Foram homenageados o professor da Unesp, Juarez Tadeu de Paula Xavier, a atual diretora-administrativa da Cooperativa da Agricultura Familiar Solidária, agente da CPT São Paulo e assentada, Maria Aparecida da Luz e o músico Silvio dos Santos Pereira, um dos expoentes do samba da cidade.
O Prêmio “Zumbi de Palmares”, instituído pela Resolução 430 de 25 de novembro de 2003 da Câmara Municipal de Bauru, é uma homenagem concedida a pessoas físicas ou jurídicas em reconhecimento pela luta contra a discriminação racial e demais intolerâncias contra minorias. Os nomes são indicados pelo Conselho da Comunidade Negra e tem de ser aprovado pelos vereadores.
A entrega do Prêmio encerra o “Mês da Consciência Negra” que teve diversas atividades desde 8 de novembro.
No dia 26 de novembro foi entregue pelo Conselho o prêmio “Luisa Mahin” que foi concedido a 18 pessoas da sociedade que em seu ramo de atividade prestaram relevantes serviços à comunidade e contribuído para a redução do preconceito, racismo e discriminação contra a população negra.
As diferenças entre as duas premiações é que o 'Zumbi dos Palmares' é considerado como o prêmio oficial do Município, enquanto o 'Luisa Mahin' é uma homenagem do Conselho Municipal da Comunidade Negra de Bauru.
Juarez Tadeu de Paula Xavier
Professor do curso de Comunicação Social, Jornalismo da Unesp, campus de Bauru. Juarez é natural de São Paulo, ingressou em 1981 no curso de Jornalismo na PUC/SP e foi presidente do DCE da entidade de 1983 a 1985. No movimento estudantil, foi Diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE) até 1986.
Atuou como jornalista, dedicando-se à militância nos movimentos negros de combate ao racismo e a promoção da igualdade. Foi membro fundador, em 1990, da União Negra Pela Igualdade (UNPI) e integrante da Coordenação Nacional das Entidades Negras em 1991.
Em 2000, retornou à academia para realização do Mestrado, integrando o Núcleo de Estudos Integrados do Negro Brasileiro e sua dissertação teve como temática a Cultura Iorubá. Em 2004 ingressou no Doutorado, dando continuidade as pesquisas do tema.
Desde então, passou a dar aulas em universidades particulares e em 2011 ingressou na UNESP, onde coordenou o curso de Jornalismo e atualmente responde pelo cargo de chefia no Departamento de Comunicação Social.
O professor também coordena o Núcleo de Estudos de Economia Criativa, que busca estudar, estimular e incentivar arranjos produtivos locais, como a cultura dos povos de terreiros, movimentos hip-hop entre outros ligados à cultura dita “subalterna” e criativa.
Maria Aparecida Luz, a Maria da CPT
Maria Aparecida Luz é assentada no Assentamento Terra Nossa, fundadora e atual diretora-administrativa da Cooperativa da Agricultura Familiar Solidária que conta com 106 cooperados.
Natural de Bauru, Maria iniciou sua militância política durante os anos da década de 1980 nos movimentos populares, como Associação de Amigos de Bairro do Núcleo Habitacional Beija-Flor e Associação de Mulheres, ajudando a organizar diversas Associações de Moradores na cidade de Bauru.
Participou de vários fóruns de debates sobre emprego, saúde e a situação do jovem e da mulher na sociedade e das primeiras reuniões que resultaram na criação do Conselho Municipal da Condição Feminina. Foi Coordenadora da Pastoral da Criança da Igreja Santa Luzia e atuou também como Conselheira do Conselho da Criança e Adolescente de Bauru.
Nos anos 90, iniciou sua participação na Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo da Igreja Católica ligado à Diocese de Bauru e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), exercendo a função de Coordenadora Regional e Estadual. Durante este período acompanhou os conflitos agrários por todo Estado de São Paulo e organizou inúmeras campanhas de arrecadação de alimentos junto às paróquias de Bauru.
Silvio dos Santos Pereira, o Silvio Bevista
Nascido na cidade de Bauru em 1961, casado e pai de três filhos. Na década de 70, tornou-se um dos precursores do movimento black da cidade. A partir dos anos 80, Silvio começou a estudar música, tendo preferência pelos instrumentos com influências africanas. Participou da formação do grupo de samba Inspiração, no qual tocou durante três anos. Após o ano de 1988, junto com outros músicos, formou o Grupo Elite, o mais antigo de Bauru e região.
Com a vida sempre envolvida na cultura negra, passou a ter uma ligação mais estreita com as escolas de samba, tendo participado como intérprete em várias escolas no Carnaval de Bauru. Um samba enredo, de sua autoria e em parceria com Marinho Carioca, foi um dos primeiros a ser tocado no sambódromo da cidade. Silvio é também um dos fundadores da nova Escola Mocidade Unida da Vila Falcão.
Nos anos 2000, participou durante seis anos do Conselho da Comunidade Negra de Bauru, que o estimulou a organizar vários projetos direcionados à divulgação da cultura afro-brasileira.