CPT Acre lançou em Rio Branco, no último dia 30, a publicação Conflitos no Campo Brasil 2012.
Cumprindo sua missão e sendo fiel aos povos da terra e das águas, no dia 30 de abril no auditório da Assembleia Legislativa do Estado (ALEAC), a CPT Acre realizou o lançamento da publicação Conflitos no Campo Brasil 2012. O lançamento do caderno foi um momento ímpar para a equipe. Contou com a presença das populações tradicionais que, na oportunidade, denunciaram o descaso do governo em fazer a reforma agrária, mostrando que os números dos conflitos por terra, nos últimos cinco anos, vêm apresentando uma tendência de crescimento.
Acreditando que “somos da mesma terra e comemos do mesmo pão” os seringueiros se fizeram presentes, denunciando as ameaças, a violência no campo e reivindicando a criação de resexs. Os ribeirinhos reivindicam a demarcação de suas áreas, os agricultores e acampados a criação de PDSs e PAEs.
Segundo os registros da CPT, os conflitos por terra mantêm tendência de crescimento, sendo a Amazônia palco da maior parte dos registros. Ainda a Comissão Pastoral da Terra sofreu graves retaliações por causa destas denúncias, tendo a sede invadida, roubada e destruída diversas vezes no mês de janeiro, e alguns dos seus agentes ameaçados.
No Acre e sul do amazonas foram registradas 40 ocorrências de conflitos por terra, sendo 38 conflitos de terra e 2 ocupações/retomadas, com 3.310 famílias envolvidas, 16 casas destruídas e 790 ameaças de expulsão. As famílias ameaçadas de despejos perfazem um total de 212 famílias, totalizando 16.550 pessoas envolvidas e 14 pessoas ameaçadas de morte.
Estavam presentes representantes de entidades, ONGs, órgãos governamentais, Secretaria estadual de Direitos Humanos, Prefeitura de Rio Branco, MPE, Procuradoria Agrária, estudantes, deputados e sindicatos.
Os jovens falaram da importância de documentar e partilhar as dimensões ética, política, científica, pedagógica e histórica do por que documentar.
Após a apresentação dos números nacional e local, o articulador da Amazônia Pe. José Iborra falou da violência na Amazônia como um todo. Apresentando os problemas no campo em Rondônia, Acre, Maranhão, Tocantins, Amapá e demais estados da Amazônia brasileira. Mostrou que na Amazônia é onde se concentra o maior número de conflitos, 489 dos 1067 conflitos no campo, 45,8%. Acrescentando que na Amazônia estão 97% das áreas envolvidas nos conflitos.
O professor Dr. Elder Andrade de Paula, da Universidade de Rio Branco, fez uma análise, comentando o que tem por trás dos números. Focando nos grandes projetos para a Amazônia e mostrando que a atividade madeireira, uma das mais destrutivas para a floresta, continua prioritária, sendo a mais lucrativa entre todos os tipos de “manejo florestal”. É exatamente a “floresta em pé” que viabiliza a chamada atividade madeireira “sustentável”: na última década, a exploração madeireira no Acre aumentou de 300 mil m3/ano para um milhão m3/ano em 2010, cerca de 75% em áreas com “planos de manejo florestal sustentável”, em parte certificada pelo FSC. O resultado, obviamente, é um aumento significativo nas áreas de conflitos, ameaças, degradação e destruição florestal.
Em clima de esperança, Cosme Capistano encerrou cantando “plantar é muito mais profundo engrandece o mundo é uma prece a natureza, quem planta espera o milagre do pão o pequenino grão inundando a mesa. Por isso estou assim plantando o meu cantinho, comparando um grande rio que subindo transbordou, de alma cheia meu olhar é uma canoa, meu cantar de popa a proa o pão que a terra germinou.
Quem planta espera quem espera um dia alcança todos tem a esperança de um País justo e feliz que a forte crise não traga fome nem guerra nem o empobrecimento do nosso planeta terra”.