De norte a sul, problemas mostram descaso das empresas do setor com atingidos e com toda a população O discurso da privatização do setor elétrico para ter melhoria na qualidade do serviço cada vez mais tem dado comprovações de como é falso.
Com a entrega do patrimônio público, as empresas privadas assumiram a geração, transmissão e distribuição da energia elétrica, desqualificando esses serviços e colocando a vida da população em risco. O caso mais recente que ilustra esse problema é o rompimento de uma das nove comportas da usina hidrelétrica Salto Osório no Paraná, construída nos anos 70. Hoje a concessão é da empresa Suez Tractebel, que para solucionar o problema, terá que diminuir o lago em 20 metros de profundidade, praticamente secando o reservatório. “Essa é uma situação complicada.
Foi o rompimento de uma comporta, mas quem garante que isso foi um acidente isolado e não poderá se repetir em uma proporção mais grave? As famílias estão apreensivas, as informações são bastante imprecisas e isso nos preocupa muito”, pondera Robson Fórmica, da coordenação do MAB no Paraná.
Fatos se repetem pela irresponsabilidade das empresas No sul a Suez Tractebel deixa romper uma comporta. No norte onde é acionista do Consórcio Ceste, com o fechamento das comportas para a formação do lago da barragem de Estreito, a cota da água foi acima dos níveis previstos e casas foram alagas. Os moradores afirmam que o consórcio errou nas medições, pois durante todas as audiências públicas, o consórcio afirmava que os povoados a beira rio no final da área de alague não seriam atingidos.
No entanto, a água foi entrando nas casas. Além de causar uma grande mortandade de peixes. Problemas semelhantes acontecem em inúmeros locais, outro caso é na região atingida pela usina Foz do Chapecó, na divisa de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, cujas comportas foram fechadas em 2010.
Para moradores que ficariam fora da área que seria alagada, a água foi muito além e recentemente inundou galpões e áreas de plantio. Segundo Rodrigo Zancanaro, atingido pela barragem, os estudos de impacto ambiental são fraudulentos, justamente para diminuir o custo social da empresa, omitindo os impactos ambientais e sociais.
“A empresa apresentou um estudo indicando que 1700 famílias seriam atingidas pela barragem, depois o IBAMA fez uma reavaliação e indicou 2471 famílias. O Consórcio não reconheceu e nem indenizou estas famílias, que agora sofrem com a inundação de suas terras”, afirmou. Para o engenheiro eletricista e diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Antônio Goulart, esses problemas são da própria estrutura do modelo energético, onde o interesse é ter muito lucro.
“Veio o apagão como resultado da falta de investimento das empresas privadas, a precarização das condições de trabalho dos trabalhadores do setor elétrico e mais recentemente tivemos, além do apagão das linhas de transmissão de Itaipu, uma série de explosões e de problemas graves com distribuidoras, como a Ligth, no Rio de Janeiro.
Agora esse problemão que poderia ter sido muito mais grave na UHE Salto Osório. Esses são problemas que revelam os prejuízos da privatização do setor elétrico”, afirma Goulart. Para o MAB, além da privatização, há o problema de modelo de produção energia, onde a prioridade não é atender as necessidades do povo, e sim o interesse do grande capital. Enquanto isso, os atingidos e os trabalhadores brasileiros pagam a conta!