Trabalhadores, entre indígenas e camponeses, realizaram assembleia onte, 30 de agosto, em Caarapó (MS), para discutir as condições precárias de trabalho às quais são submetidos.
Cerca de 400 indígenas e 20 camponeses do assentamento Guanabara de Juty, cortadores de cana da usina Nova América, prestadora de serviços do Grupo Cosan, se reuniram em assembleia ontem, 30 de agosto, na cidade de Caarapó/MS, para discutir a situação de precarização das condições de trabalho na usina.
Uma das reivindicações principais dos trabalhadores tem a ver com as horas intinere (percurso que o trabalhador rural percorre até o local de trabalho, que pela lei tem que ser pago) não pagas corretamente, segundo Vanilton Camacho, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT/MS), quem participou da assembleia. Segundo informações, repassadas por ele, os trabalhadores disseram que a dívida da empresa em alguns casos chegaria a dez mil real por ano, por pessoa; porém os valores variam muito dependendo dos quilômetros e as horas investidas pelos empregados à disposição da empresa. No caso dos trabalhadores indígenas foi dito que, entre ida e volta, somam 375 quilômetros percorridos por dia, de ônibus, para se deslocarem da casa ao trabalho e vice-versa. As mesmas situações estariam passando trabalhadores da usina São Fernando do Grupo Bertim.
Participaram também da assembleia dos trabalhadores da usina Nova América os presidentes dos sindicatos de trabalhadores de Caarapó e Amambaí e o presidente da Fetagri. Representantes do Ministério Publico do Trabalho acompanharam as discussões. Segundo Camacho, todas as explicações sobre os direitos trabalhistas dos cortadores de cana foram feitas em guarani e português. Os trabalhadores decidiram na assembleia que vão lutar pelos seus direitos até cada um receber pelas horas não pagas pela empresa Nova América.