Mais uma vez agentes da CPT no estado do Maranhão são ameaçados de morte, logo após a segunda sede da organização no Estado ser arrombada. O apoio da CPT à luta quilombola tem incomodado os poderosos da região.
(Radioagência NP)
A Anistia Internacional, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a Secretaria de Segurança do estado foram acionados depois de dois agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) serem ameaçados de morte no Maranhão, no dia 25 de julho.
Minutos antes de uma audiência, o fazendeiro Edmilson Pontes de Araujo disse que precisa “passar o fogo de vez em quando”. Ele fazia referência ao advogado Diogo Cabral e ao padre Inaldo Serejo, que atuam na defesa da comunidade quilombola de Pirapemas. A disputa envolve mais de mil hectares de terras tradicionais, segundo relato do advogado.
“Vários outros têm sido ameaçados constantemente, seja por particulares, seja por policiais. É uma situação que temos denunciado há bastante tempo. Vêm as ameaças, depois as tentativas de homicídio e depois os homicídios. E fica por isso mesmo.”
Quase 1/4 da população maranhense vive abaixo da linha da pobreza, segundo dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 50 municípios mais pobres do país, 32 são do Maranhão. Cabral lembra que o estado apresenta uma das maiores concentrações de terras do país.
“76% da população do estado do Maranhão é negra e hoje vivem no campo quase 40% da população do estado. O que ocorre é uma explosão de violência. Ficam de um lado os trabalhadores rurais quilombolas com seus direitos territoriais ameaçados e, de outro lado, os fazendeiros, empresários, sojicultores e criadores de búfalo ameaçando, incendiando casas.”
Ainda segundo Cabral, a duplicação da estrada de ferro Carajás causará impactos em inúmeras comunidades. Os quilombolas não tiveram direitos reconhecidos no processo de licenciamento. A mineradora Vale é responsável pela obra.