COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Organizações e Movimentos sociais realizam manifestação em Altamira (PA) contra a construção da UHE de Belo Monte e pelo direito à moradia.

 

 

 

 

 

 

(texto e fotos MAB)

Na manhã da última sexta-feira (29/07), mais de 1000 pessoas de Altamira e região protestaram contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte e pelo direito à moradia. O ato foi organizado pelos moradores das ocupações urbanas e pelos movimentos da frente de luta contra Belo Monte, entre eles o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), o Levante Popular da Juventude, a Consulta Popular e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Os manifestantes marcharam no centro da cidade em direção à sede da Caixa Econômica Federal de Altamira e depois para a sede da Eletronorte, onde encerraram o ato. Os atingidos pela barragem entregaram para o gerente do banco uma carta onde expuseram a situação por que passam na região. A carta também continha as reivindicações dos atingidos, entre elas, uma audiência com o Ministério das Cidades, a garantia da regularização da área ocupada pelas famílias na cidade, a construção de casas para as famílias nestas áreas e a garantia de moradia para todas as famílias sem teto e desempregadas de Altamira e região.

Belo Monte e a especulação imobiliária na região

Belo Monte afetará 11 municípios da região, cuja população é de aproximadamente 300 mil habitantes. Uma das primeiras e principais consequências da obra é o aumento abusivo nos preços dos aluguéis e venda de terrenos e casas na cidade e região, que duplicaram nos dois últimos meses.

Isso tem levado milhares de famílias a se organizarem e ocuparem terrenos vazios ao redor da cidade. “Estima-se que mais de 20 mil pessoas já chegaram a Altamira em busca de emprego na obra. Ou seja, o que se dizia sobre os impactos na vida de todas as pessoas já é realidade muito antes das obras iniciarem com maior intensidade”, afirmou Rogério Hohn, da coordenação do MAB.

As organizações populares denunciam que as famílias que chegam à Altamira, somadas às que já estavam na cidade vivendo nas periferias, não tendo outra opção e sabendo que a barragem não vai resolver os seus problemas, decidiram se organizar e lutar pelos seus direitos e contra a construção dessa obra por entenderem que esse tipo de “desenvolvimento” não trará os benefícios tão prometidos por quem defende a obra.

“Nas três áreas ocupadas são 1.180 famílias que precisam de moradia, além de outras centenas na cidade e na região. Ou seja, precisamos debater Belo Monte para que e para quem, pois não dá para ficar mais uma vez assistindo o progresso chegar para alguns, enquanto toda a região fica a mercê das promessas de vida de melhor. Esse tem sido a realidade em muitas outras obras de barragens em todo o país”, alerta Rogério.

O MAB é parceiro dos moradores na sua luta pelo direito à moradia e tem acompanhado constantemente as ocupações para ajudá-los na sua organização interna e por entender que lá se encontram centenas das áreas de impacto da obra e que serão forçados a abandonarem suas casas sem direito a indenização justa para reconstruírem suas vidas.

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