A recente divulgação do estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre a contaminação do rio São Francisco por metais pesados na região de Três Marias (MG), e os relatos de problemas de saúde causados pela radioatividade gerada na extração de Urânio em Caetité, na Bahia, são apenas alguns dos muitos exemplos da gravidade dos impactos causados pela atividade de extração minerária na bacia do rio São Francisco. Para debater e denunciar esses problemas é que está sendo realizado entre os dias 19 e 22 de março, no município de Ouro Preto (MG), o Encontro de Atingidos e Atingidas pela Mineração na Bacia do rio São Francisco.
Realizado pela Articulação Popular São Francisco Vivo, o evento tem a participação de cerca de 80 representantes dos cinco estados que fazem parte da bacia (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe). Os impactos ambientais e sociais gerados pelas atividades minerárias serão temas dos debates. Uma das principais preocupações do grupo está no risco que as fontes de água correm, já que a extração de minérios contamina tanto as águas subterrâneas como as superficiais. “Temos uma região com muitos mananciais e a maneira pouco criteriosa como a exploração dos minérios tem sido feita, bota as nossas águas em sério risco”, denuncia Maria Tereza Corujo, integrante do “Movimento pelas Serras e Águas de Minas” e uma das participantes do evento.
Estudo recente publicado pela UFMG corrobora a opinião de Maria. Foi constatado que o rio São Francisco, na cidade de Três Marias, está fortemente contaminado por metais pesados como zinco, cádmio e cromo. Os metais lançados pela antiga metalúrgica Companhia Mineira de Metais e atual Votorantim, contaminam as águas do Velho Chico desde a década de 70. A ingestão de metais pesados é um grande perigo para a saúde da população da localidade, já que pode causar câncer e afetar o sistema nervoso e reprodutivo se forem acumulados no organismo.
Além da troca de experiências, o evento tem o objetivo de propor alternativas e de planejar estratégias de enfrentamento ao atual modelo de mineração.
Expansão da Mineração
O crescimento do setor minerário brasileiro, que chegou a ter um crescimento econômico de mais de 14% em 2010, tem levado a extensão das áreas de exploração em todo o país. Em Minas Gerais, a mineração não está mais restrita ao quadrilátero ferrífero e já se estende com força para o norte do estado. A expansão tem acontecido em toda a bacia do São Francisco, em áreas que até então não tinham tradição nessa atividade, como no norte do estado da Bahia e em áreas do estado de Pernambuco. “Eles já estão chegando a regiões que tem certa escassez de água, trazendo prejuízos para biomas como o cerrado e a caatinga, que são ecossistemas perfeitos”, explica Maria Tereza Corujo.
A expansão não se dá apenas na extração de minérios, mas em conjunto com todas as obras estruturantes realizadas para viabilizar as atividades de mineração. Um exemplo é a Ferrovia de Integração Oeste Leste, que ameaça áreas de proteção ambiental nos estados da Bahia e Tocantins e trazem um sério risco às populações de mais de 50 áreas de quilombos, na região do médio São Francisco.
Para mais informações:
Ingrid Campos – Assessora de comunicação da Articulação Popular São Francisco Vivo
Tel.: (71) 99024630
Maria Tereza Corujo – Integrante do Movimento pelas Serras e Águas de Minas
Tel.: (31) 93851339