Professor Rafael já vinha enfrentando perseguições e, no último dia 31, sofreu disparos de arma contra sua residência
Na noite do dia 31 de outubro, um atentado a tiros aconteceu contra a residência de Professor Rafael, militante histórico da reforma agrária na região da várzea paraibana. "Na noite do domingo por volta das 20h20 da noite, dois camaradas em um carro, segundo informações, um gol branco, passaram em frente a minha casa, estacionaram a uns 150 metros e voltaram armados, a pé, correndo até minha residência, onde dispararam dois tiros. Um tiro pegou num pé de árvore, num pé de manga aqui na minha casa, que fica no terreiro de casa, e o outro no veículo que é da minha mãe, que estava na garagem", explicou Rafael.
Na semana anterior, do dia 23 para o dia 24 de outubro, ele também teve sua residência arrombada e a maioria de seus pertences levados, como televisão, moto, a feira do mês e telefone celular. No momento do roubo, não havia ninguém em casa. "A gente fica tenso diante dessa situação porque entendemos que o trabalho que a gente desenvolve é para o bem do município e da comunidade, de assegurar os direitos e parece que alguém se fere contra isso e quer atentar contra a minha vida e a vida da minha família. Não é a primeira vez. Provavelmente possa ter a ver com minha atuação política porque isso mexe com os interesses individuais de muita gente. Recentemente, lutamos pela titulação para 56 famílias da comunidade e desde o ano passado que me perseguem, falsificando documentos em que diziam que eu ia derrubar a casa do povo. Tudo calúnias", declarou Rafael.
Professor Rafael é assentado da reforma agrária, no município de Cruz do Espírito Santo e presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Dona Helena, que existe há 26 anos. " Temos desenvolvido um trabalho de mutirões, lutamos pelo título da terra, no mês de julho, agora, conseguimos o título para 56 famílias. Próximo ao assentamento existe uma área que não se caracteriza como área rural, já é uma área urbana, então nossa vontade é que essa área seja desmembrada, mas que nenhuma pessoa seja afetada. No ano passado, saíram com uma calúnia dizendo que eu tinha feito uma denúncia e que as casas dessas pessoas iam ser derrubadas. Veio a polícia federal e fez uma notificação a algumas pessoas. Então nessa mesma época, no ano passado, eu passei por esse mesmo sofrimento, essa mesma tensão, mas utilizei das mídias e das redes sociais para explicar que isso não era do nosso interesse, o que estava acontecendo era apenas um trabalho de fake news para enganar o povo", explicou professor Rafael.
Além de professor, Rafael participa da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e também do Partido das Trabalhadoras e Trabalhadores (PT). Ano passado, ele foi candidato a vice-prefeito de Cruz do Espírito Santo, não obtendo êxito. Por causa desse atentado, o deputado federal, Frei Anastácio (PT), pediu agilidade na apuração do caso por parte da Secretaria de Segurança Pública do estado da Paraíba.
"O que a gente pede é que se tome previdências porque desde o ano passado fizemos boletim de ocorrência, por causa das calúnias dirigidas a mim, e até agora não teve resolução desse fato, será que vai precisar que me matem para que se tomem providências. É preciso que alguém perca a vida para tomarem providências?", questionou Rafael.