Apesar da presença da PF na área, um grupo de homens que estariam armados, invadiram a comunidade indígena fazendo ameaças e incendiando ao menos uma casa
Com informações de Apib/Coiab/Agência Brasil/Folha de São Paulo e CPT Regional Pará
Foto: Reprodução
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) denunciam uma grave ofensiva em curso nesta quarta-feira (26), contra lideranças indígenas da TI Munduruku, na região de Jacareacanga (PA). Garimpeiros que atuam na região estão atacando com tiros e incendiando casas em retaliação à operação Mundurukânia, da Polícia Federal.
A presença das Forças Nacionais, desde segunda-feira (24), não inibe os garimpeiros que seguem cometendo atos de violência para ameaçar e intimidar lideranças contrárias a atividade ilegal em terras indígenas. Homens armados, que exibiam galões de gasolina invadiram, a aldeia da TI Munduruku onde se encontrava Maria Leusa Munduruku, coordenadora da Associação das Mulheres Munduruku Wakoborũn (organização que vem sendo atacada por denunciar os garimpeiros) e incendiaram sua casa.
NOTA PÚBLICA - Nota de repúdio ao ataque contra o povo Munduruku
Há suspeitas de que o ataque tenha sido organizado após o vazamento, na terça (25), de um documento do Serviço de Repressão a Crimes contra Comunidades Indígenas da Polícia Federal (PF) para grileiros que atuam em sete florestas nacionais e territórios indígenas no Sudoeste do Pará.
Mais uma vez, vidas indígenas estão ameaçadas pelo garimpo e por garimpeiros na Amazônia. A rotina de terror se repete também na TI Yanomami, em Roraima, sob ataque intenso desde o início do mês. A deputada Joenia Wapichana denunciou a situação na TI Munduruku durante sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal.
Operação
O ataque do grupo armado, que invadiu a comunidade indígena, acontece em meio a Operação Mundurukânia, da PF, que faz parte de uma série de medidas determinadas pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, em julho do ano passado, para o enfrentamento à Covid-19 dentro dos territórios indígenas.
A liderança, Maria Leusa Munduruku, que teve sua casa incendiada durante a ofensiva desta quarta, não se feriu. Há relatos de que outras lideranças também seguem sob ameaça.
O jornal Folha de São Paulo informou que apesar da presença de policiais federais na área, não houve detenções dos responsáveis pelo ataque.