COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Os Tupinambá da Aldeia Serra do Padeiro, do sul da Bahia, denunciaram no início do ano a autoridades públicas estaduais e federais, um ardiloso plano que previa incriminar os indígenas através de provas falsas implantadas em seus pertences, e ainda assassinar suas principais lideranças. No vídeo, disponível em cinco línguas (DE, EN, ES, FR), os Tupinambá relatam as recentes ameaças e como elas se relacionam com o histórico de violências e violações a que vêm sendo submetidos. Nesta semana, a indígena Glicéria de Jesus da Silva, conhecida como Célia Tupinambá, da TI Tupinambá de Olivença, levará à Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, uma série de denúncias envolvendo a situação de ameaças contra o povo Tupinambá e as violações aos direitos dos povos indígenas do Brasil. 

 

Em fevereiro de 2019, lideranças da Aldeia Serra do Padeiro, do povo Tupinambá, no sul da Bahia, denunciaram a autoridades públicas estaduais e federais um ardiloso plano visando assassinar indígenas que estão à frente da luta pelo território. Os atentados ocorreriam em falsas blitz de trânsito, em que se buscaria também criminalizar os indígenas, "plantando" drogas e armas em seus veículos. 

Em carta-denúncia difundida em janeiro de 2019, a comunidade já havia indicado que as declarações e medidas do presidente Jair Bolsonaro vêm acirrando a violência contra os Tupinambá. O documento -- que relata a longa trajetória do povo, pontuada por esbulho e outras formas de violência -- pede providências às autoridades e o apoio da comunidade internacional (ver carta). 

Os ataques, enfatizam as lideranças da Serra do Padeiro, visam impedir a conclusão da demarcação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que se arrasta desde 2004. Apenas a finalização desse processo pode garantir os direitos de indígenas e não indígenas, levando ao fim dos conflitos.

Na terça-feira (12) pela manhã, a indígena Glicéria de Jesus da Silva, conhecida como Célia Tupinambá, da TI Tupinambá de Olivença, falará na 40ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, durante uma reunião sobre situações de direitos humanos que requerem a atenção do Conselho. No mesmo dia, a partir das 10h no Brasil, a indígena participará de uma atividade paralela no Palácio das Nações, cujo tema é "A situação dos Direitos Humanos no Brasil". A atividade é realizada por ABGLT, Artigo 19, Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil, Conectas, Cimi, Fian Brasil, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e Terra de Direitos. Ao longo da semana, a indígena permanecerá em Genebra e participará de outras atividades e reuniões com organizações da sociedade civil e membros da ONU.

 

TUPINAMBÁ: Für das Recht auf leben

Im Februar 2019 brachten die Indigenen der Tupinambá aus der Gemeinde Serra do Padeiro im Süden von Bahia bei den Behörden des Bundes und des Bundesstaates einen bösartigen Plan zur Ermordung indigener Aktivisten zu Anzeige. Die Tupinambá stehen dabei in vorderster Front eines kollektiven Kampfes um Territorialrechte. Das Attentat sollte unter dem Vorwand einer Verkehrskontrolle stattfinden, während jener dann in die Fahrzeuge indigener Führer Drogen und Waffen untergeschoben werden sollten, denen dann fälschlicherweise vorgeworfen wurde, diese Gegenstände zu besitzen und zu transportieren. 

In einem im Januar 2019 verbreiteten Brief kündigte die Gemeinde an, dass die Aussagen und Regierungsmaßnahmen von Präsident Jair Bolsonaro bereits neue Gewalt gegen die Tupinambá ausgelöst hätten. In diesem Dokument, das den langen Weg des Tupinambá-Volkes erklärt, der durch die Enteignung von Land und anderen Formen der Gewalt gekennzeichnet ist, wurden die Behörden aufgefordert, Vorkehrungen zum Schutz der Gemeinschaft und ihrer Führer zu treffen, und die Unterstützung der internationalen Gemeinschaft (siehe den Brief - ENGLISH). 

Die geplanten Angriffe zielen direkt auf die Anführer der Serra do Padeiro-Gemeinschaft ab und versuchen, den Abschluss der Demarkierung des seit 2004 laufenden Prozesses des indigenen Territoriums Tupinambá de Olivença zu verhindern. Erst wenn dieser Demarkationsprozess endlich zu Ende durchgeführt und abgeschlossen wurde, erst dann wird es ein Ende der Konflikte geben.

  

TUPINAMBÁ: For the right to Live 

In February, 2019, Tupinambá leaders from the Serra do Padeiro community, in the south of Bahia, advised state and federal authorities of a malicious plan to assassinate indigenous activists working on the front lines of a collective struggle for territorial rights. The assassination was to take place under the guise of mandatory traffic stops, during which drugs and arms would be planted in the vehicles of indigenous leaders who would then be falsely accused of possessing and transporting these items. 

In a letter disseminated in January 2019, the community announced that the statements and governing measures of President Jair Bolsonaro had already provoked new violence against the Tupinambá. That document, which explains the long trajectory of the Tupinambá people, which is marked by dispossession of land and other forms of violence, requested that authorities take precaution to protect the community and its leaders, and asked for the support of the international community (see the letter). 

The planned attacks target the leaders of the Serra do Padeiro community specifically, and seek to impede the process of finalizing the demarcation of the Tupinambá de Olivença Indigenous Territory, underway since 2004. The only way to guarantee indigenous and non-indigenous rights and to end these conflicts is to finalize this process.

  

TUPINAMBÁ: Por el derecho de vivir

En febrero del 2019, líderes de la Aldea Serra do Padeiro, del pueblo Tupinambá, del Sur de Bahía, denunciaron ante autoridades públicas estatales y federales un ingenioso plan con miras a asesinar a indígenas que están al frente de la lucha por el territorio. Los atentados ocurrirían en falsos controles de tránsito, en los que se buscaría también criminalizar a los indígenas, colocando drogas y armas en sus vehículos. 

En carta de denuncia difundida en enero del 2019, la comunidad ya había indicado que las declaraciones y medidas del presidente Jair Bolsonaro vienen exacerbando la violencia contra los Tupinambá. El documento – que relata la larga trayectoria del pueblo, marcada por atracos y otras formas de violencia – pide providencias a las autoridades y el apoyo de la comunidad internacional (ver carta - ENGLISH). 

Los ataques, enfatizan los líderes de la Serra do Padeiro, buscan impedir la conclusión de la demarcación de la Tierra Indígena Tupinambá de Olivença, que se impulsa desde 2004. Apenas la finalización de ese proceso puede garantizar los derechos de indígenas y no indígenas, llevando al fin de los conflictos.

  

TUPINAMBÁ: Pour le droit de vivre

En février 2019, les représentants de la communauté de Serra do Padeiro du peuple autochtone Tupinamba, du sud de l’État de Bahia au Brésil, ont dénoncé aux autorités publiques, étatiques et fédérales, un plan sournois visant à assassiner les autochtones en tête de la lutte pour le territoire. Les attaques se dérouleraient sous la forme de faux contrôle de la circulation, au cours desquels, de la drogue et des armes seraient introduites dans leurs véhicules pour les criminaliser.

Dans une lettre de dénonciation publiée en janvier 2019, la communauté avait déjà indiqué que les déclarations et les mesures du président Jair Bolsonaro avaient alimenté la violence à l’encontre des Tupinambas. Le document – qui relate la longue histoire de ce peuple, ponctuée de pillages et d’autres formes de violence – sollicite des mesures des autorités et l’appui de la communauté internationale (voir lettre - ENGLISH).

Les attaques, comme le soulignent les représentants de la communauté de Serra do Padeiro, visent à empêcher la conclusion de la démarcation de la Terra Indígena Tupinambá de Olivença, en cours depuis 2004. Seule la finalisation de ce processus peut garantir les droits des peuples autochtones et des non autochtones, menant à la fin des conflits.

   

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