COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Projeto de Reforma Agrária Dom Hélder Câmara e grupo Ylê Axé Odé Omí Uá denunciam agressão a trabalhadores e trabalhadoras rurais na Bahia.

 

No último sábado (23/10), por volta das 14h, um pelotão da Polícia Militar da Bahia invadiu o assentamento D. Helder Câmara, em Ilhéus, levando a comunidade de trabalhadores e trabalhadoras rurais a viverem um momento de terror, tortura e violência racial.

Bernadete Souza, a coordenadora do assentamento e sacerdotisa, questionou o pelotão de polícia sobre a ilegalidade de sua presença na área do assentamento, por ser uma jurisdição do Incra (Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária). Sem mandato judicial, a polícia não poderia estar ali. Menos ainda enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil, o que se constitui numa grave violação de direitos humanos. Diante deste questionamento, o comandante, alegando “desacato à autoridade”, ordenou que Bernadete fosse algemada para ser conduzida à delegacia.

Neste momento, a sacerdotisa incorporou um orixá. Algemada, foi colocada e mantida pelos policiais Júlio Guedes e seu colega, identificado como “Jesus”, num formigueiro, onde foi atacada por milhares de formigas, provocando graves lesões. Os PMs gritavam que as formigas eram para “afastar satanás”. Quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la, um dos policiais apontou a pistola para cabeça da sacerdotisa, ameaçado que se alguém da comunidade se aproximasse ele atirava. Spray de pimenta foi atirado contra os trabalhadores.

O desespero tomou conta da comunidade, crianças choravam, idosos passavam mal. Enquanto Bernadete, algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida jogada na viatura, os policiais, numa clara demonstração de racismo e intolerância religiosa, gritavam “fora satanás”!

Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete, bastante machucada, foi colocada algemada em uma cela onde havia homens. Os policiais riam e ironizavam e diziam que os Sem Terra fossem se queixar ao governador e ao presidente. A delegacia foi trancada para impedir o acesso de pessoas solidárias a Bernadete.

A comunidade D. Hélder Câmara exige Justiça e punição rigorosa aos culpados e conclama a todas as organizações e pessoas comprometidas com a nossa causa. Contra o racismo, contra a intolerância religiosa, contra a violência policial, contra a violência à mulher, pela Reforma Agrária e pela paz.


Projeto de Reforma Agrária D. Hélder Câmara

Ylê Axé Odé Omí Uá

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