Moradores da Comunidade São José no município de Lençóis (BA), se reuniram na última quinta-feira (18) no leito do rio Utinga para denunciar a morte do rio e os projetos de empresas de monocultura que vem deixando a população sem água e causando as mortes dos animais e dos peixes.
(Texto: Tiago Aragão - CPT Bahia / Fotos: Ednaldo Oliveira - CPT Bahia)
O rio Utinga, de águas cristalinas é, nos dias de hoje, um tesouro ameaçado. Devido ao uso desregrado e insustentável praticado pelo agronegócio, o rio secou pela sétima vez, por mais de 30 dias. Esse rio é responsável pelo abastecimento de grande parte da população e pelo desenvolvimento econômico, através da agricultura familiar, das cidades de Utinga, Wagner, Lajedinho e Andaraí.
A bacia hidrográfica formada pelo rio Utinga abrange uma área de aproximadamente 3 mil km². Esta área hidrográfica, encravada na porção central do estado da Bahia, constitui um subsistema hidrográfico integrante da bacia do rio Paraguaçu. A palavra Utinga, que em Tupi Guarani, significa “águas claras”, foi dada pelos povos Payayá, tribo indígena que vive às margens do rio e que teria dado origem ao povoamento da região.
A falta de políticas públicas de revitalização e de uso sustentável têm levado ao iminente fim deste e de outros rios do país. Para Erica Oliveira de Lima, de 17 anos e moradora da comunidade, a água é um bem precioso da humanidade. “A água é um direito básico para o ser humano e tem pessoas se apoderando do rio para enriquecer”.
Em Nota, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado da Bahia reconheceu a situação crítica da sub-bacia do rio Utinga. Segundo a técnica da Secretaria, Larissa Cayres, ainda vai demorar alguns dias para que a água chegue no baixo curso do rio. “A solução para a crise do rio Utinga passa por uma série de ações como controle da demanda com a lacração de bombas, limpeza do leito de todos rios afluentes, entre outras ações”, informou em entrevista ao jornal A Tarde, do dia 13 de outubro.
O ato encerrou com o fechamento da BR 242 que durou cerca de 40 minutos, e causou uma imensa fila de carros, caminhões e ônibus nos dois sentidos da via que liga a capital baiana a outras regiões.