Provocados por denúncias de comunidades tradicionais de fundo de pasto e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campo Alegre de Lourdes, vereadores do município realizaram, na última quinta-feira (20), uma sessão itinerante da Câmara Municipal para discutir os impactos da mineração e tentativas de grilagem de terras na região.
(Texto/Imagem: Comunicação CPT Juazeiro)
A sessão foi realizada no Colégio João Francisco da Silva, no povoado de Angico dos Dias, localidade onde funciona a empresa mineradora Galvani/Yara.
Trabalhadores/as rurais do Angico dos Dias e das comunidades vizinhas lotaram o pátio do Colégio para participar da sessão, que contou com a presença do prefeito Enilson Marcelo Rodrigues. Após a aprovação de dois projetos, o presidente da Câmara, Arnoldo Boson Paes, convidou representantes das comunidades e entidades para relatarem os problemas enfrentados na região.
Um cordel sobre a realidade vivida pelas comunidades e a disposição em continuar na luta pela defesa do território deu início aos depoimentos. O dirigente da Associação de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu, Maximiano de Souza, destacou em sua fala os impactos da Galvani/Yara no território, a exemplo da poluição das águas da lagoa e das cisternas, perda de animais, destruição de roças e a poeira; e de uma tentativa de grilagem de terras na região de mais de 100 mil hectares.
“Estamos trabalhando para termos o direito de viver aqui na nossa comunidade, na nossa terra. Porque a terra não é material para estar sendo negociada como eles estão querendo. A terra é para sobrevivência nossa e dos nossos animais. Se eles chegassem a tomar essa terra como ficaria o povo dessas comunidades? Eu não digo só aqui, porque nós não somos mais só Angico dos Dias, tem muitas outras que estão envolvidas, que estão sofrendo ameaças por causa daqueles que vêm de fora querer ser dono”, afirmou Seu Maximiano.
Um documento, denominado de “Carta das Comunidades”, foi entregue ao presidente da Câmara. Na carta, as comunidades descrevem os problemas vivenciados e cobram dos poderes Legislativo e Executivo providências para coibir as violações de direitos. Representantes do Sindicato de Trabalhadores Rurais, do Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) reforçaram as denúncias feitas pelos trabalhadores/as rurais e cobraram às autoridades a proteção às comunidades camponesas.
Os vereadores e o prefeito municipal demonstraram apoio às comunidades. Os vereadores disseram que, através da Câmara, criarão instrumentos que coíbam a destruição do meio ambiente, da vida das pessoas e do patrimônio público.