COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

No final da tarde da última sexta-feira, 4, pistoleiros fortemente armados promoveram uma sessão de violência contra um grupo de 10 famílias que estavam acampadas às margens do Rio Araguaia, no município de São João do Araguaia, no Pará.

 

Os pistoleiros estavam todos encapuzados e portavam escopetas, pistolas e revólveres. Eles chegaram ao local onde as famílias estavam acampadas em duas caminhonetes. Além dos adultos, estavam no acampamento 11 crianças, entre 3 meses e 10 anos de idade. Havia também uma mulher grávida de 3 meses.

Durante quase uma hora os trabalhadores foram vítimas de uma sessão de torturas da qual nem as crianças foram dispensadas. Os adultos foram espancados a golpes de paus, facões e coronhadas. As marcas ficaram espalhadas pelos corpos dos trabalhadores. Os pistoleiros dispararam suas armas próximo do ouvido de duas crianças gêmeas de 3 meses de idade para aterrorizar sua mãe. Atiraram em redes com crianças dentro, além de derrubarem e pisotearem crianças no chão. Uma das mães que estava grávida, que também foi pisoteada, teve sangramento e pode ter sido vítima de aborto.

Após a sessão de torturas, os pistoleiros colocaram fogo nos barracos dos agricultores com tudo que estava dentro. Além dos pertences, documentos pessoais de alguns dos agricultores também foram queimados. Dois trabalhadores que chegaram ao acampamento no momento da sessão de terror, retornaram correndo sob tiros disparados pelo grupo armado. Todos foram obrigados a subirem na carroceria das duas caminhonetes, com a roupa do corpo, sendo abandonados na Vila Santana, localizada às margens da Rodovia Transamazônica, a cerca de 30 km do local do acampamento.

LEIA TAMBÉM: Assassinatos no campo batem novo recorde e atingem maior número desde 2003

Esse grupo de sem-terra, junto com outras famílias, foi despejado em janeiro desse ano da Fazenda Esperantina, de propriedade da siderúrgica SIDENORTE Marabá, por ordem do juiz da Vara Agrária de Marabá. Sem ter para onde ir, esse grupo de famílias decidiu acampar às margens do Rio Araguaia, a cerca de 10 km dos limites da fazenda. Mesmo longe dos limites da propriedade, os pistoleiros não deixaram de perseguir as famílias. A ordem dada pelos pistoleiros foi para que as famílias fossem para o Tocantins e não ficassem mais no Pará.

O uso de grupo de pistoleiros para fazerem despejos ilegais e torturarem trabalhadores sem-terra tornou-se uma prática recorrente de fazendeiros da região. Nos últimos dois anos foram cinco ações dessa natureza. Por outro lado, não há informações se a Polícia Civil tenha investigado e responsabilizado alguém por organizar essas milícias armadas na região sudeste do Pará.

 Marabá, 07 de maio de 2018.

Comissão Pastoral da Terra – CPT

Diocese de Marabá

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline