COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Reunidos em Aparecida (SP), na 56ª Assembleia Geral da CNBB, eles manifestaram preocupação com a criminalização de lideranças populares e de agentes pastorais.

(Repam)

Na última quinta-feira, dia 19 de abril, os bispos da Amazônia, reunidos em Aparecida (SP), por ocasião da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, assinaram uma carta em que manifestam apoio ao padre Amaro, preso há mais de 20 dias em Altamira (PA).

No texto, o conjunto de bispos afirma que acompanha de forma apreensiva as investigações, e que deseja que padre Amaro tenha de volta a liberdade o mais rápido possível. Os bispos também falam da preocupação com a constante criminalização das lideranças populares e agentes de pastoral da região.

Além da carta de apoio, outras duas foram escritas e assinadas por Dom Cláudio Humes, presidente da REPAM-Brasil, com apoio de todos os bispos da Comissão Episcopal para a Amazônia, em defesa de padre Amaro. Uma é destinada ao Tribunal de Justiça do Pará e a outra ao Procurador Geral de Justiça do Pará.

Confira o texto da carta assinada pelos Bispos da Amazônia: 

O Servo não é maior do que o seu Senhor

“O Servo não é maior do que o seu Senhor. Se a mim perseguiram, também vos perseguirão” (Jo 15,20) 

A Prelazia de Xingu (PA) foi surpreendida na manhã do dia 27 de março com a notícia da prisão do Padre José Amaro Lopes de Souza, pároco da paróquia de Santa Luzia de Anapu (PA).

Nós, Bispos Católicos do Brasil, abaixo-assinados, participantes da 56ª Assembleia da CNBB, em Aparecida (SP), manifestamos nossa fraterna solidariedade à Prelazia de Xingu (PA), à Paróquia Santa Luzia em Anapu (PA), à CPT – Comissão Pastoral da Terra – Regional Pará e ao Padre José Amaro.

Ele atua desde 1998 na Paróquia Santa Luzia. É líder comunitário e coordenador da Pastoral da Terra (CPT). O assassinato da Ir. Dorothy em 12 de fevereiro de 2005 no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) “Esperança”, não mais o deixou quieto e o fez continuar a missão daquela Irmã mártir.

Padre Amaro vinha há anos sendo alvo de ameaças.  Agora ele é vítima de difamação para deslegitimar todo o seu empenho em favor dos menos favorecidos. Ele é um incansável defensor dos direitos humanos, defensor da regularização fundiária, da reforma agrária e dos assentamentos de sem-terra.

Repudiamos as acusações de ele promover invasões de terras que são reconhecidas pela Justiça como terras públicas, destinadas à reforma agrária, mas se concentram ainda nas mãos de pessoas economicamente poderosas.

Acompanhamos apreensivos a investigação e elucidação dos fatos e insistimos que a verdade seja apurada com justiça e total transparência. Esperamos que ele possa sair da cadeia o quanto antes, possibilitando que ele responda às acusações em liberdade.

Preocupa-nos o assassinato de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra, de indígenas, de quilombolas, de posseiros, de pescadores e assentados, que teve um crescimento de 2015 (50 assassinatos) para 2017 (70 assassinatos).

Também tem nos preocupado a criminalização de lideranças populares e de agentes pastorais, como no caso de agentes do CIMI – Conselho Indigenista Missionário.

Estamos vivendo o tempo da Páscoa, onde celebramos a vitória da Vida sobre a morte. Esperamos, também, que neste caso do Padre Amaro, a verdade vença todas as mentiras.

Aparecida (SP), 19 de abril de 2018.

 

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