A Comissão Pastoral da Terra na Bahia (CPT-BA) manifesta seu pesar e indignação com a notícia do assassinato cruel de Márcio Oliveira Matos, 33 anos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e morador há mais de dez anos do Assentamento Boa Sorte, no município de Iramaia, região da Chapada Diamantina, na Bahia. A Pastoral também se solidariza com os camponeses e camponesas e todas as lideranças do MST e, ao mesmo tempo, repudia toda essa violência que se alastra no campo brasileiro.
Márcio Oliveira, conhecido como Marcinho, foi assassinado com vários tiros na frente de seu filho de 6 anos, na noite desta quarta-feira (24), em sua casa. “Não temos suspeitas sobre a motivação do crime. Pelo que sabemos, ele não vinha recebendo ameaças de ninguém e nem tinha participado de ocupações recentes do MST”, declarou Evanildo Costa.
Marcinho era uma das maiores lideranças do MST na Bahia. Foi coordenador estadual do movimento e integrante da executiva nacional. Desembarcou na região da Chapada Diamantina ainda adolescente, com a chegada do MST em 1995.
O Vale do Paraguaçu, onde está localizado o Assentamento Boa Sorte, foi palco de forte resistência camponesa na década de 1970. No ano de 1971, um suposto proprietário da Fazenda Limpanzol ateou fogo nas casas de posseiros, espancou e prendeu trabalhadores dentro de um curral. Nessa ocasião, um trabalhador foi assassinado e muitos outros feridos.
A partir disso, muitos trabalhadores migraram para a Fazenda Baratinha, conhecida como Toca da Onça, local também marcado pela resistência camponesa. Um latifundiário dessa localidade sempre perseguia e ameaçava, com pistoleiros, as famílias. Essas fazendas (antigas Sesmarias) hoje são Projetos de Assentamentos regados com o suor e o sangue de camponeses e camponesas que marcaram a resistência e a coragem de lutar por justiça social.
Mesmo assim, ainda persiste a violência nesse chão sagrado onde nasceu a CPT de Ruy Barbosa e marcou a chegada do MST na Chapada Diamantina.
Marcinho, Presente!
Bahia, 25 de janeiro de 2018.