CPT e MST de Minas Gerais expressam solidariedade à Comunidade Tradicional Pesqueira/Vazanteira de Cana Brava (MG), após suas casas terem sido derrubadas numa ação de reintegração de posse, cumprida pela PM. Confiram o documento na íntegra:
Nós do MST e CPT expressamos nossa solidariedade à Comunidade Tradicional Pesqueira/Vazanteira de Cana Brava. As famílias vivem há mais de 12 anos nesta Comunidade, na beira do Rio São Francisco, no Município de Buritizeiro. Construíram suas casas, suas pequenas roças e quintais. Reivindicam seu território tradicional. Defendem o direito de ter um pedaço de chão como morada e manter seus modos de vida.
Neste últimos dias a tragédia tomou conta das suas vidas. Mesmo com a reintegração de posse derrubada a PM de Minas Gerais, com quase 100 policiais, derrubou de forma arbitrária parte das casas que formavam a comunidade. Após isso os pistoleiros derrubaram as casas que sobraram, expulsando o povo da terra.
Um grupo da CPT e do MST está presente na área e pode ver a crueldade dos fazendeiros e do Estado contra os camponeses. O trator dos fazendeiros destruiu tudo. Casas, galinheiros, chiqueiros, quintais, caixas d´agua, tudo. Soterraram a comunidade.
Agora a comunidade retomou seu Território. Estão na área desde o dia 04 de agosto. Mas os fazendeiros/pistoleiros estão rondando e ameaçando a comunidade. A polícia já foi avisada, como também o MP, DP, Mesa de Diálogo, Comissões de Direitos Humanos. Mas mesmo assim as famílias estão correndo risco de vida e estão desprotegidas. Caso ocorra outra chacina o Estado é o responsável pois há muitos anos as famílias vivem para regularizar seu território. A PM do Governo do Pimentel, que cometeu esse crime, desestabilizando as famílias não age em defesa do direito das pessoas ameaçadas. O Governo Mineiro tem ciência do fato mas não toma atitude que resolva a situação, mesmo que de forma temporária garantido paz às famílias.
A SPU iniciará no dia 08 de agosto um levantamento técnico na área pois o Território está localizado em área da União (LIMEO), desta forma, a área não é do fazendeiro que praticou, desta forma, mais de um ato criminoso – além da violência e da ilegalidade dos atos, além de não respeitar a decisão judicial, ainda expulsou o povo de uma área da União.
Declaramos que vamos reforçar a luta dos Vazanteiros e Pescadores, como também dos Quilombolas e Sem Terras, contra o latifúndio, o Agronegócio e os aparelhos do Estado à serviços destas forças do atraso.
Buritizeiro, 06 de agosto de 2017.
Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra