COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Madeireiros invadem Projetos de Desenvolvimento Sustentável, em Anapu (PA), na área onde irmã Dorothy foi assassinada em 2005, para cortar madeira ilegalmente. Famílias assentadas na área tentam proteger a floresta. O clima é tenso no local. A CPT na região encaminhou a denúncia, e agora esperam que os órgãos competentes resolvam mais essa crime no Estado.

 


 

 


O dia 12 de fevereiro de 2005 marcou profundamente a história dos agricultores e agricultoras no norte/nordeste do Brasil. Nesta triste data a Irmã Dorothy foi brutalmente assassinada, por defender o direito das famílias na agricultura familiar, como também o direito da floresta e de seus habitantes a sobreviver. Conflitos na região voltam a trazer medo aos trabalhadores e trabalhadoras rurais que tentam defender a floresta.


Hoje, as famílias defendidas pela Irmã Dorothy assumem com garra a defesa da floresta e de suas criaturas, mas continuam passando por pressões, violências, ameaças e conflitos. Os Projetos de Desenvolvimento Sustentável em Anapu, na linguagem do INCRA, são quatro, mas na linguagem do povo são dois: o PDS Esperança e o PDS Virola Jatobá. As famílias dos dois projetos lutam para conseguir sobreviver, defender a floresta e viver em paz. Virola Jatobá está construindo uma guarita onde os próprios moradores do PDS vão ficar de guarda e defender a sua floresta de madeireiros invasores, atrás de madeira ilegal. O problema é que esses agricultores e agricultoras defendem as terras e a floresta, com os seus ideais e suas vidas, enquanto os madeireiros possuem armas e não se privam de usá-las. No PDS Esperança já há uma guerra instaurada. Desde dezembro a área é invadida por madeireiros que saem dia e noite cheios de madeira nobre, como Ipê, Jatobá, Angelim e Castanheira. Esses madeireiros possuem nome e endereço que são do conhecimento de todos na região, como Divino Gambira; Alagoano; Delio Fernandes; César, filho de Silvino; Lázaro; Manin; João e Gerson.

Em setembro de 2009, os trabalhadores do município se organizaram para tentar impedir a entrada e saída destes madeireiros. Conseguiram em apenas uma noite, parar sete caminhões, que eles mesmos entregaram para o IBAMA. O que mais agrava a situação é que o governo local e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais se juntaram ao governo estadual do Pará para cobrar a saída do chefe do IBAMA na região, e parar as investigações da tirada ilegal de madeira em Anapu, seja por roubo direto ou manejo florestal ilegal. A governadora, inclusive, escreveu uma carta para o presidente do IBAMA. Com isso, o chefe responsável pelo órgão em Anapu foi transferido para o IBAMA em Marabá (PA). Anapu ficou sem cobertura do IBAMA. O resultado é que as famílias do PDS Esperança assumiram, então, a luta em defesa de sua floresta. Mas a força destas famílias é frágil diante do dinheiro, das armas e do poder político dos ladrões da floresta. 

No mês de julho desse ano, um trator usado pelos madeireiros apareceu queimado. A tirada de madeira parou por um dia, mas logo recomeçou. Na semana passada, o IBAMA apreendeu um carregamento de madeira que havia sido retirada do PDS, e que já estava em Tucuruí (PA), bem distante de Anapu. Já nesta semana, na madrugada de 20 de agosto, foi queimada uma camionete de um madeireiro. Um caminhão grande também foi atingido. Tudo isso na Vicinal 1 do PDS Esperança, na área do Lote 57. Circulam ameaças de morte. As casas são cercadas de noite, criando um clima de terror na Vicinal. No meio de tudo isso, o dono da camionete enterrou o veículo queimado com um trator. Uma ação curiosa, que levanta suspeitas em relação à situação da camionete, como também de quem está por trás da queima destes carros. No dia seguinte, pelo menos cinco caminhões de madeireiros, escoltados por carros menores e motocicletas, todos altamente armados, entraram no PDS Esperança. Foi feito um Boletim de Ocorrência na delegacia da Polícia Civil, na tentativa de defender os trabalhadores ameaçados. Foi denunciada, novamente, a situação ao IBAMA e ao Ministério Público Federal. 

As denúncias foram encaminhadas pela CPT na região, e agora as famílias e as organizações sociais que as apóiam, aguardam a chegada de representantes do IBAMA e dos órgãos governamentais responsáveis, para resolver o conflito na região.

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O dia 12 de fevereiro de 2005 marcou profundamente a história dos agricultores e agricultoras no norte/nordeste do Brasil. Nesta triste data a Irmã Dorothy foi brutalmente assassinada, por defender o direito das famílias na agricultura familiar, como também o direito da floresta e de seus habitantes a sobreviver. Conflitos na região voltam a trazer medo aos trabalhadores e trabalhadoras rurais que tentam defender a floresta.

Hoje, as famílias defendidas pela Irmã Dorothy assumem com garra a defesa da floresta e de suas criaturas, mas continuam passando por pressões, violências, ameaças e conflitos. Os Projetos de Desenvolvimento Sustentável em Anapu, na linguagem do INCRA, são quatro, mas na linguagem do povo são dois: o PDS Esperança e o PDS Virola Jatobá. As famílias dos dois projetos lutam para conseguir sobreviver, defender a floresta e viver em paz. Virola Jatobá está construindo uma guarita onde os próprios moradores do PDS vão ficar de guarda e defender a sua floresta de madeireiros invasores, atrás de madeira ilegal. O problema é que esses agricultores e agricultoras defendem as terras e a floresta, com os seus ideais e suas vidas, enquanto os madeireiros possuem armas e não se privam de usá-las. No PDS Esperança já há uma guerra instaurada. Desde dezembro a área é invadida por madeireiros que saem dia e noite cheios de madeira nobre, como Ipê, Jatobá, Angelim e Castanheira. Esses madeireiros possuem nome e endereço que são do conhecimento de todos na região, como Divino Gambira; Alagoano; Delio Fernandes; César, filho de Silvino; Lázaro; Manin; João e Gerson.

Em setembro de 2009, os trabalhadores do município se organizaram para tentar impedir a entrada e saída destes madeireiros. Conseguiram em apenas uma noite, parar sete caminhões, que eles mesmos entregaram para o IBAMA. O que mais agrava a situação é que o governo local e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais se juntaram ao governo estadual do Pará para cobrar a saída do chefe do IBAMA na região, e parar as investigações da tirada ilegal de madeira em Anapu, seja por roubo direto ou manejo florestal ilegal. A governadora, inclusive, escreveu uma carta para o presidente do IBAMA. Com isso, o chefe responsável pelo órgão em Anapu foi transferido para o IBAMA em Marabá (PA). Anapu ficou sem cobertura do IBAMA. O resultado é que as famílias do PDS Esperança assumiram, então, a luta em defesa de sua floresta. Mas a força destas famílias é frágil diante do dinheiro, das armas e do poder político dos ladrões da floresta.

No mês de julho desse ano, um trator usado pelos madeireiros apareceu queimado. A tirada de madeira parou por um dia, mas logo recomeçou. Na semana passada, o IBAMA apreendeu um carregamento de madeira que havia sido retirada do PDS, e que já estava em Tucuruí (PA), bem distante de Anapu. Já nesta semana, na madrugada de 20 de agosto, foi queimada uma camionete de um madeireiro. Um caminhão grande também foi atingido. Tudo isso na Vicinal 1 do PDS Esperança, na área do Lote 57. Circulam ameaças de morte. As casas são cercadas de noite, criando um clima de terror na Vicinal. No meio de tudo isso, o dono da camionete enterrou o veículo queimado com um trator. Uma ação curiosa, que levanta suspeitas em relação à situação da camionete, como também de quem está por trás da queima destes carros. No dia seguinte, pelo menos cinco caminhões de madeireiros, escoltados por carros menores e motocicletas, todos altamente armados, entraram no PDS Esperança. Foi feito um Boletim de Ocorrência na delegacia da Polícia Civil, na tentativa de defender os trabalhadores ameaçados. Foi denunciada, novamente, a situação ao IBAMA e ao Ministério Público Federal.

As denúncias foram encaminhadas pela CPT na região, e agora as famílias e as organizações sociais que as apóiam, aguardam a chegada de representantes do IBAMA e dos órgãos governamentais responsáveis, para resolver o conflito na região.

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