COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

De acordo com a secretaria do Movimento, seguranças e jagunços da madeireira Araupel armaram uma emboscada, com participação da Polícia Militar.

(Brasil de Fato)

Por volta das 15h0 desta quinta-feira (7), uma emboscada contra o acampamento Dom Tomás Balduino, em Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná, deixou, pelo menos, dois mortos e cerca de 20 feridos, conforme informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). De acordo com a secretaria do movimento, com participação da Polícia Militar do estado, seguranças e jagunços da madeireira Araupel participaram da ação.

“Em torno de 15 pessoas desceram para fazer vistoria numa área ocupada e havia pessoas do Bope [Batalhão de Operações Policiais Especiais] e da Polícia Militar. Não sabemos de fato quantas pessoas estão mortas e quantas estão baleadas porque a polícia agora não nos deixa chegar perto”, afirma o dirigente do movimento na região, que preferiu não se identificar. No momento há confirmação de mais de 20 feridos. Caso confirmada a informação, isso pode caracterizar omissão de socorro.

Contradição da SESP

Em nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP) afirma que os policiais foram alvos de emboscada, mas confirmam a informação de que dois agricultores sem-terra foram mortos e seis ficaram feridos. Para o advogado da Terra de Direitos, Fernando Prioste, apesar dos fatos ainda precisarem ser apurados, a posição da SESP é contraditória. “É uma contradição dizer que a polícia sofreu emboscada, mas quem morreu foram os trabalhadores”, disse.

Conflito agrário na região

Este cenário reflete parte do clima de tensão que nasce na luta pelo acesso à terra e contra a grilagem na região. O conflito tem relação com o surgimento de dois acampamentos do MST na região centro-sul do Paraná, construídos nas áreas em que funcionam as atividades da empresa Araupel, exportadora de pinus e eucalipto. O primeiro acampamento, Herdeiros da Terra, está localizado no município de Rio Bonito do Iguaçu. A ocupação aconteceu em 1º de maio de 2014 e hoje abriga mais de mil famílias. Ali, elas possuem aproximadamente 1,5 mil hectares para a produção de alimentos.

O segundo acampamento, Dom Tomás Balduíno, cuja ocupação teve início em junho de 2014, possui 1500 famílias e fica na região de Quedas do Iguaçu. Ao contrário da outra ocupação, esta possui 12 alqueires de área aberta, sendo apenas 9 - cerca de 30 hectares - utilizados para o plantio.

Procurado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou não poder se posicionar sobre o caso, já que trata-se de um acampamento, e não assentamento. Procurada a Ouvidoria Agrária Nacional informou que não tem informações sobre o caso, mas que está verificando o ocorrido.

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