COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Em documento, organizações e manifestantes relatam e denunciam as ações violentas da Polícia Militar de Parauapebas, no Pará, durante marcha das mulheres no dia 08 de março. “Em uma atitude totalmente desproporcional, injustificada, covarde e absolutamente agressiva, a PM de Parauapebas, presente no local, transformou o ato pacifico em um momento de verdadeiro terror para as trabalhadoras que participavam da mobilização [...]”. Confira a Nota:

 

“Estamos todas despertas! Se calarmos as pedras gritarão”

Este foi o canto da marcha das mulheres camponesas sem terras, pelas ruas de Parauapebas/PA, sede da maior mineradora do mundo: a VALE. Quando milhares de mulheres se manifestaram por todo o Brasil e mundo, denunciando as violências sofridas, o Estado através da Polícia Militar do Pará comandada pelo Major Souza reprimia violentamente a marcha das mulheres na manhã do dia 08 de março de 2016.

Em uma atitude totalmente desproporcional, injustificada, covarde e absolutamente agressiva, a PM de Parauapebas presente no local, transformou o ato pacifico em um momento de verdadeiro terror para as trabalhadoras que participavam da mobilização, como também para a população que assistia atônita aquela ação descomunal contra as mulheres. Foram atiradas balas de borracha enquanto as mulheres corriam em meio a bombas de efeito moral, e em sofrimento pela ardência e falta de ar provocadas pelo spray de pimenta, insultadas verbalmente, arrastadas pelos braços e impedidas de serem socorridas por populares que ofereciam água e abrigo. Eram centenas de jovens, grávidas, crianças, idosas e mulheres com seus filhos nos braços enfileiradas denunciando injustiças, desigualdades sociais e de gênero produzidas pelo grande capital na Amazônia, cuja maior expressividade na região sudeste do Pará é a mineração e o agronegócio.

Assim a mesma POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARÁ, novamente comandada pelo PSDB, 20 anos depois do massacre de ELDORADO DOS CARAJÁS, foi agente de mais um ato de violência contra as/ os trabalhadoras/es, só que dessa vez, contra centenas de mulheres sem terras, representantes de mães, esposas e parentes dos 19 sem terras assassinados na Curva do “S” em 1996 e solidárias às famílias atingidas pela Lama de Mariana-MG. Dias antes, desempregados também foram brutalmente reprimidos enquanto faziam ato contra demissões.
Questionamos o papel desse Estado e dessa polícia! Enquanto a VALE monopoliza os bens comuns da região (terra: solo e subsolo), concentrando milhares de hectares de terras para exploração mineral, tornando-se a maior latifundiária do sul e sudeste do Pará, cometendo crimes ambientais; expulsando camponesas assentadas da reforma agrária, com a chamada DESAFETAÇÃO, contaminando rios, igarapés; matando animais e espécies vegetais da floresta amazônica, produzindo enormes crateras e um ambiente inabitável, inóspito e estéril, o Estado conivente com essa situação não faz nada. Este mesmo Estado coloca à disposição sua Polícia, homens a quem só ensinaram a apertar gatilho contra trabalhadoras/es quando julgam que os interesses do grande capital estão em jogo, tudo isso, em nome de um suposto interesse coletivo, que na prática defende os interesses particulares do capital.

Foi exatamente isso que aconteceu em frente da Portaria da Vale, nesse último dia 8 de Março: a polícia estava lá defendendo o patrimônio da Vale e atentando  contra a vida das mulheres. DENUNCIAMOS: ISSO FOI VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES. Será esse o papel do Estado e da Polícia?

Frente a isso vimos responsabilizar o Estado, a Polícia Militar e a VALE por esse ato violento, onde mulheres foram perseguidas com motos e carros pelas ruas a exemplo do que ocorria no regime militar, situação que fere diretamente o direito de manifestação pública assegurado pela Constituição Brasileira e em especial o direito das mulheres se manifestarem pela garantia de seus direitos, contra a violência doméstica e sexual, pelo fim do feminicídio, pelo fim da violência obstétrica, pelo fim das desigualdades sociais, ética, de gênero e sexo, e por políticas públicas que garantam uma vida com respeito, dignidade e liberdade.


Assinam esta nota: Fórum de Mulheres Camponesas do Sudeste do Pará; Comissão Pastoral da Terra – CPT; Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular– CEPASP; Movimento Debate e Ação; Diretório Central dos Estudantes da UNIFESSPA; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; SINDIUNIFESSPA; Grupo de Pesquisas e Estudos Linguísticos, Literários e Culturais Pan Amazônico - GPELLC-PAM; Faculdade de Educação do Campo da UNIFESSPA; Centro Acadêmico de Ciências Sociais; Frente contra o Aumento da Passagem (FCA); Grupo de Estudo Mulheres, Feminismo e Gênero da UNIFESSPA.

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