(Fonte/Imagem: Hoje em Dia)
Parecer técnico do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta que 33 lagoas estão em processo avançado de destruição pela monocultura da cana-de-açúcar. Diante do cenário catastrófico para o meio ambiente, a 1ª Promotoria de Justiça de Lagoa da Prata finaliza proposta de recuperação desses mananciais.
A análise do Ibama foi feita em municípios na região do Alto São Francisco, em 35 lagoas marginais ao rio e três em afluentes. “A maioria foi esvaziada para plantar cana, outras foram represadas”, afirma a bióloga do Núcleo de Ecossistemas Aquáticos do órgão federal, Beatriz Boschi. “De algumas lagoas restam pequenas, descontínuas e teimosas poças d’água rodeadas por infinitas curvas de nível”, destaca trecho do parecer do instituto após vistorias requisitadas pelo promotor Eduardo Almeida em 2011, 2014 e 2015.
Segundo a bióloga, o estudo do Ministério Público Estadual (MPE), elaborado em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), apontará o que fazer para que as lagoas voltem a cumprir a função no ecossistema. A falta de recursos, no entanto, é um grande obstáculo.
A expectativa é a de que o MPE possa solucionar esse impasse junto aos proprietários dos terrenos onde estão as lagoas, por meio da assinatura de termos de ajustamento de conduta (TACs). O movimento para revitalizar e proteger os berçários naturais ganhou a adesão da igreja católica.
O bispo de Luz, dom José Aristeu, é o representante da PUC Minas no monitoramento das lagoas do Alto São Francisco, a partir deste ano. Também participam da iniciativa dom Mauro Morelli e Antônio Campos Pereira, o padre Tonhão. A Arquidiocese de Luz abrange de São Roque de Minas – onde fica a nascente do rio São Francisco – a Morada Nova de Minas, próximo à usina de Três Marias.
Intervenções
Para a revitalização de 26 lagoas, consideradas prioritárias, estão previstas algumas ações: fechamento imediato dos canais de drenagem; remoção total ou parcial de diques; criação de corredor de fauna entre as matas do Urubu e Forquilha (reservas ambientais); recuperação dos rios Santana, Jacaré, Preto e Bambuí; cercamento das Áreas de Proteção Permanentes (APPs) do rio, afluentes e lagoas marginais, com a remoção do gado; e retirada dos cadeados
nas porteiras de acesso aos mananciais.
O Ibama quer recuperar a “Volta Grande”, desvio no São Francisco feito pela usina de cana-de-açúcar. Com quase oito quilômetros de extensão, esse trecho foi cortado e isolado do leito original do curso d’água na década de 60. O fechamento do desvio é considerado fundamental para a revitalização do rio.