COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Os atropelamentos aconteceram nos municípios de Alto Alegre do Pindaré e Miranda do Norte, ambos no estado do Maranhão. Em um dos casos, o pai foi atropelado há dois anos e, agora, o filho também perdeu a vida no mesmo trecho.

 

(Fonte: Vias de Fato)

Francisco Vieira trabalhava como lavrador e todos os dias cruzava a linha do trem para realizar suas atividades. Na madrugada do dia 25 de julho, quando voltava para casa, fatalmente foi atropelado pelo trem da mineradora Vale S/A, no povoado de Auzilândia, em Alto Alegre do Pindaré (MA).

E há quase dois anos, no mesmo trecho da Estrada de Ferro Carajás (EFC), também morreu Geraldo Vieira, pai de Francisco. Testemunhas relataram que, ao tentar atravessar a ferrovia, seu Geraldo se desequilibrou e caiu sobre os trilhos. Devido sua idade, ele não conseguiu se levantar a tempo e acabou sendo atropelado. Com a morte do pai, Francisco virou o mantenedor da família e cuidava do seu irmão, que é portador de necessidades especiais, da cunhada e do sobrinho. Agora, o lavrador deixou uma filha que está grávida e dará à luz nas próximas semanas.

 A empresa Vale não prestou nenhum tipo de apoio à família e reduziu sua responsabilidade à compra do caixão, pois a família alegava não ter condições financeiras para realizar o sepultamento da vítima. Embora exista um viaduto no povoado, os moradores reclamam da distância que têm que percorrer para fazer a travessia de forma segura. Durante a noite não há iluminação no local e a população acaba se expondo ao risco, para que suas atividades sejam realizadas no horário previsto.

 Segundo dados da Rede Justiça nos Trilhos, a cada três meses em média duas pessoas morrem atropeladas pelos trens operados pela Vale, no corredor de Carajás. Em 2007, foram contabilizadas 23 mortes; em 2008, o número caiu para nove vítimas fatais, mas foram registrados 2.860 acidentes ao longo da ferrovia.

A cidade com maior índice de atropelamentos é Alto Alegre do Pindaré (MA), pois o trem de carga fica parado no meio da cidade entre três a quatros horas por dia, impedindo a passagem de pedestres e de carros. Quando sai, não avisa, atropelando pessoas que estão tentando a travessia por debaixo dos vagões.

Outra vítima

Em Miranda do Norte, a 124 km de São Luís, um homem morreu ao ser atropelado por um trem na Estrada de Ferro Carajás, na madrugada do dia 9 de agosto. Segundo investigações preliminares, a vítima estava deitada sobre a ferrovia. Após a morte, manifestantes ocuparam o trecho onde aconteceu o acidente.

A mineradora Vale, que faz uso em concessão da ferrovia, esclareceu que prestou assistência à vítima, acionando imediatamente as equipes de socorro e autoridades policiais para que tomassem as devidas providências. A vítima foi conduzida ao Hospital Municipal de Arari, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Segundo a empresa, as operações do trem de carga da EFC ficaram paralisadas. O trecho da ferrovia no Km 108 foi ocupado por manifestantes que atearam fogo e danificaram parte da estrutura da linha de ferro.

 

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