“Estamos felizes, mas queremos saber quem vai ser punido por essa maldade que fizeram contra a gente e quando nossa terra será demarcada”, questionou uma liderança indígena. Leia a matéria:
(Fonte: Cimi)
Geremia Lescano Gomes, 14 anos, e Tiego Vasques Benites, 12 anos, garotos Guarani e Kaiowá desaparecidos desde o último dia 24 de junho, foram encontrados nesta quinta-feira, 2, por indígenas da aldeia Taquapery, município de Coronel Sapucaia, cone sul do Mato Grosso do Sul. As crianças, debilitadas, foram localizadas a 20 km da retomada na fazenda Madama, tekoha de Kurusu Ambá, ponto de partida da fuga dos garotos durante ataque de fazendeiros ao acampamento em que estavam com suas famílias (assista ao vídeo do ataque aqui).
A Operação Guarani, da Fundação Nacional do Índio (Funai), confirmou a informação e já presta assistência aos indígenas, que deverão permanecer mais alguns dias na aldeia Taquapery se recuperando dos dias de caminhada, fome e sede.
Conforme informações apuradas com lideranças de Kurusu Ambá, a notícia animou a todos e todas no acampamento da retomada na fazenda Madama, mas os Guarani e Kaiowá exigem providências das autoridades quanto ao ataque que sofreram.
No dia do ataque, dezenas de caminhonetes invadiram a retomada Guarani e Kaiowá em Kurusu Ambá. Tiros, fogo nos barracos, destruição de pertences pessoais, caminhonetes manobradas de encontro aos indígenas em fuga. Nesse contexto, Geremia e Tiego saíram em disparada e, quando caíram em si, com o medo um pouco mais dissipado, estavam perdidos, sem direção. Dormiram ao relento e passaram a caminhar no sentido da aldeia Taquapery. País afora a notícia do desaparecimento correu. As buscas iniciaram 72 horas após o conflito.
“Depois que Força Nacional tirou a gente e a Funai da operação, todas as aldeias da região passaram a procurar (os garotos). Nessas caminhadas, os parentes de lá (Taquapery) encontraram. Os dois estavam cansados, sujos, sem beber água e comer. Acho que eles talvez estivessem indo pra Taquapery, não sei. Estamos felizes, mas queremos saber quem vai ser punido por essa maldade que fizeram contra a gente e quando nossa terra será demarcada”, questiona uma liderança do tekoha de Kurusu Ambá.
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