COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

 

Cerca de 85 posseiros da gleba Tauá, em Barra do Ouro (TO), receberam ontem (27) a visita de Dom Philip Dickmans, bispo da Diocese de Miracema, para uma celebração ecumênica de apoio à luta diária das famílias que vivem na comunidade.

 

(Rafael Oliveira - CPT Araguaia - Tocantins)

 

“O fazendeiro vive nos perseguindo, ele não quer a gente aqui. Minha família mora aqui desde o tempo dos meus avós” – Ieda Rocha dos Santos.

“Eu sempre estou de pé firme. Nunca gelei, nunca tive medo! Meus companheiros, minha comunidade e Jesus vêm me dando mais força para conquistar a vitória da terra” – Raimunda Pereira dos Santos.

“Nossa maior felicidade é de acabar de colher uma roça e já ter que colher a outra. Nosso objetivo é ver o paiol, ver a mesa cheia de arroz, de feijão, de fava, ter o milho para criar as galinhas” – Valdineis Silva.

Foi com depoimentos como estes, de resistência e de sonhos, que cerca de 85 posseiros da gleba Tauá, em Barra do Ouro (TO), receberam a visita de Dom Philip Dickmans, bispo da Diocese de Miracema, para uma celebração ecumênica de apoio à luta diária das famílias que vivem na comunidade.

Cenário de diversos conflitos fundiários nos últimos 10 anos, a gleba Tauá, extensa área da União, é alvo constante de desmatamento realizado pelo empresário catarinense Emilio Binotto, que grilou a área para plantar soja, milho e criar gado. Na segunda quinzena de maio, ao menos cinco tratores com correntões derrubavam todo o Cerrado que encontravam pela frente. Segundo relato das famílias, a devastação ainda persiste na área.

Após as denúncias de desmatamento e violência contra as famílias camponesas chegarem ao conhecimento do bispo, logo foi organizada uma visita à comunidade acompanhada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Araguaína (TO). Dom Philip, juntamente de Padre André, ouviu as diversas histórias de luta das mulheres e homens que participaram do encontro.

“Eu só quero ter o sossego de trabalhar, colher e me alimentar com meus filhos até eu enfraquecer. Eu tenho essa esperança, eu tenho esse sonho”, planeja o posseiro Raimundo Pereira.

 

Durante a conversa, Dom Philip incentivou a luta das famílias. “A luta e a resistência de vocês são muito bonitas e importantes. Não caiam no erro de revidar a violência que vocês sofrem. Continuem buscando seus direitos, continuem se reunindo, encontrando uns aos outros”, afirmou.

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) foi representado na ocasião por Jucilene Gomes Correia, que comentou sobre a resistência do povo Apinajé, em Tocantinópolis (TO), diante do desmatamento em seu território. “Os fazendeiros também começaram a desmatar ao redor da reserva indígena. Assim como vocês, as famílias estão resistindo, protegendo suas terras”, partilhou.

O encontro foi finalizado com um almoço preparado em mutirão. No cardápio, fartura de arroz, feijão, verduras, legumes e farinha. Todos plantados e colhidos da roça e da horta dos camponeses e camponesas, que ali estavam para reforçar sua fé e suas forças na luta pela soberania alimentar no campo.

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline