No interior de Centro do Guilherme, Maranhão, Euzébio Kaapor foi baleado com dois tiros nas costas, neste 27 de abril de 2015. Está sendo velado na aldeia Axiguirendá.
A luta dos Kaapor em defesa do território desagrada madeireiros há algum tempo. Várias violências já ocorreram e os indígenas reivindicam a proteção do território. A Assembleia Kaapor deste ano confirmou o compromisso com a defesa da floresta. A promiscuidade existente entre madeireiros e até autoridades locais incentiva a exploração ilegal da madeira, um crime lucrativo.
Em 7 de agosto de 2014, os Kaapor Guardiões da Floresta expulsaram vários madeireiros no interior da Terra Indígena Alto Turiaçu. A TI Alto Turiaçu tem 5.305 km² de área e compreende seis cidades do Maranhão. A ação acabou com um caminhão queimado e a abordagem de não indígenas envolvidos na destruição da floresta amazônica. Os guerreiros Ka’apor contaram com a ajuda de outras quatro aldeias da região. Os acampamentos encontrados foram destruídos.
O governo federal é responsável por este homicídio. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a política indigenista em curso no país é omissa no que tange ao cumprimento das diversas obrigações constitucionais e da efetivação dos direitos indígenas. A total paralisação dos processos de demarcação de terras indígenas, os altos índices de mortalidade infantil, suicídio, assassinato, racismo e de desassistência nas áreas de saúde e educação indicam uma atitude de extremo descaso do governo em relação às populações indígenas.
(Por Luis Antônio Pedrosa, advogado da Sociedade Maranhese de Direitos Humanos e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA e Diogo Cabral, advogado da CPT/Ma e da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos)