COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Em cidade italiana, conhecida como a maior capital industrial do país, a exposição fotográfica mostra um pouco da realidade das comunidades afetadas pelos tais projetos de “desenvolvimento” no corredor Carajás.  Há mais de duas décadas sofrendo com a poluição provocada por siderúrgicas ligadas a Vale, Piquiá de Baixo, distrito industrial de Açailândia, é uma das regiões que ilustram a exposição.

 

(Justiça nos Trilhos)

Começou a ser apresentada, na última semana, em Milano, Itália, uma exposição fotográfica sobre os impactos do Programa Grande Carajás. Milano é conhecida como a maior capital industrial italiana, por isso é estratégica para a demonstração, por meio de fotos, da realidade da população que é afetada pelos grandes projetos de ‘desenvolvimento’ no corredor de Carajás. A exposição é de autoria de Marcelo Cruz, fotógrafo da Rede Justiça nos Trilhos e estará aberta ao público até o dia 20 de abril em no centro da cidade.

A cerimônia de inauguração foi conduzida pelo leigo Missionário Comboniano, Federico Veronesi, que apresentou ao público a situação das mais de cem comunidades impactadas pelos empreendimentos do Programa Grande Carajás e, atualmente, pelos projetos de duplicação do sistema mina-ferrovia-porto que a empresa Vale S.A. utiliza para escoar o minério de ferro para o exterior.

Uma das comunidades que está representada na exposição é Piquiá de Baixo, distrito industrial de Açailândia, que tem cerca de 350 famílias, que há mais de duas décadas sofrem com a poluição provocada por cinco siderúrgicas ligadas a Vale. A exposição já foi apresentada nas principais cidades italianas, como Taranto, Padova, Verona e Bologna.

Em Taranto, a Vale é conhecida como principal fornecedora de minério de ferro para a maior siderúrgica da Europa, a empresa ILVA, contestada pelos moradores daquela cidade pela poluição provocada pelos altos fornos. Piquiá de Baixo e Taranto já manifestaram solidariedade recíproca na articulação em defesa dos direitos sócioambientais e por condições dignas de vida, com saúde e trabalho de qualidade.

O Fotógrafo Marcelo Cruz explica que as fotografias expostas em Milano revelam o cotidiano de comunidades que são cortadas pela Estrada de Ferro Carajás (EFC), nos estado do Pará e Maranhão. “É o Programa Grande Carajás visto a partir das perspectivas de homens, mulheres e crianças que tem ao lado de suas casas os trilhos de 892 km, por onde passa o maior trem de minério de mundo”, completa.

Cruz explica que além dos impactos, as lentes do fotógrafo revelam a resistência e a força do povo por moradia e saúde. “Essas fotografias, são mais que apenas imagens, elas trazem um debate intenso de nível internacional sobre as atividades da extração de minério, que é levado para o exterior deixando para as comunidades, apenas os impactos sociais e ambientais”.

Documentário - Piquiá – Santa Cruz - Taranto

Outro trabalho importante de Marcelo Cruz em parceria com o leigo Missionário Comboniano, Marco Ratti e a Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale é um documentário que faz comparações entre os impactos e resistências em três das localidades mais poluídas por empreendimentos siderúrgicos: Piquiá de Baixo no Maranhão, Santa Cruz no Rio de Janeiro e Taranto na Itália.

O filme vai ser lançado nesse mês de abril e será mais uma ferramenta de denúncia contra a violação dos direitos das pessoas que vivem nessas comunidades, apresentada no Seminário Internacional "Carajás 30 anos, resistências e mobilizações frente a grandes projetos na Amazônia Oriental", realizado em São Luís entre os dias 04 e 09 de maio de 2014.

 

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