O Quilombo da Lapinha, região de vazanteiros do Rio São Francisco, no Norte de Minas Gerais conseguiu na 1ª Vara da Justiça Federal de Montes Claros liminar de manutenção de posse da área ocupada no interior da fazenda Casa Grande. A decisão o tem validade até que se defina a titulação da área aos remanescentes do Quilombo.
(Projeto São Francisco Vivo)
A notícia da definição judicial foi transmitida por Zilah de Mattos, da Comissão Pastoral da Terra, para as lideranças do Quilombo da Lapinha. Segundo ela, “foi muito emocionante a reação das famílias do Acampamento Rio São Francisco. Ninguém dormiu nesta noite. Passaram a noite, rezando, batucando, soltando foguetes e acordando todo o quilombo. (…) Após festejar, avaliarem e pensarem nos caminhos a percorrer, decidiram fazer uma manifestação na cidade de Matias Cardoso, na manhã do dia 22 de Julho.
Em carta enviada a todas as comunidades da Articulação dos Vazanteiros em Movimento e demais organizações populares o presidente da Associação Quilombola de Lapinha, José Teodorico Borges anuncia: “Depois de muita batalha e na eminência de sermos despejados de nosso território, o Juiz Federal da 1ª Vara da Justiça Federal de Montes Claros, deferiu a liminar de manutenção de posse a nosso favor, sobre a área de 22 hactares localizada no interior da Fazenda Casa Grande”.
O território do Quilombo da Lapinha é alvo de longa batalha de posse. A região foi ocupada por negros aquilombados que já viviam na localidade antes mesmo da chegada de Matias Cardoso em 1660. Nos anos de 1970, muitas comunidades quilombolas e vazanteiras foram expulsas de suas terras por grileiros para a formação de fazendas. Desde então, o povo passou a viver encurralado nas ilhas e em pequenas áreas nas margens do Rio São Francisco.
Em 2005, a Fundação Cultural Palmares confirmou o reconhecimento como remanescentes de Quilombo. Em Setembro de 2006, movidos pela necessidade de sobrevivência, a Fazenda Casa Grande foi reocupada pelas famílias do Quilombo da Lapinha onde viveram muitos dos seus antepassados. Apesar de ter direito, nos últimos anos a comunidade viveu oprimidas e ameaçadas de ser expulsa.