Mais de 1000 trabalhadores Sem Terra pararam um trem da Companhia Vale do Rio Doce na manhã desta quinta-feira (17/1), no município de Tumiritinga, em meio a duas fazendas improdutivas da empresa Fibria. Os Sem Terra permanecem nos trilhos e pretendem parar a passagem dos trens durante todo o dia.
Da página do MST, por José Coutinho Júnior
“A Vale é parte do conchavo entre empresas, Estado e latifúndio para a manutenção da violência no campo e paralisação da Reforma Agrária em Minas”, afirma Silvio Netto, da Coordenação Estadual do MST.
Silvio afirma que a violência contra os trabalhadores rurais no estado, a falta de políticas de Reforma Agrária e a impunidade dos poderosos são responsáveis pelo Massacre de Felisburgo, que deixou cinco Sem Terra mortos em novembro de 2004.
A violência do latifúndio continua, de acordo com Silvio, que cita como exemplo a morte de um trabalhador no município de Eugenópolis, na semana passada, que foi baleado com 20 tiros dentro de sua casa.
O MST faz uma audiência na segunda-feira com o secretário de Segurança Pública de Minas, Diógenes Curado Filho, para discutir medidas contra a violência contra os trabalhadores, os despejos dos acampados e a condenação dos responsáveis pelo massacre de Felisburgo.
A ação faz parte da Jornada de Lutas em Minas Gerais, que pede a desapropriação de latifúndios para a Reforma Agrária, o fim da violência contra os trabalhadores rurais e a condenação de Adriano Chafik, responsável pelo massacre de Felisburgo.
Até o momento, a Vale não se manifestou sobre a ação, mas o Batalhão de Choque da polícia está na área.
Felisburgo
O julgamento de Adriano Chafik, mandante confesso do Massacre de Felisburgo, deveria ocorrer em janeiro na capital Belo Horizonte, mas foi adiado e ainda não tem uma data concreta. “Essa jornada serve para acumularmos forças para a luta em torno do julgamento. A violência contra os trabalhadores não passará em branco. Nossa resposta à violência é a luta”, afirma Silvio.
Segundo o coordenador, essa foi apenas a segunda ação da jornada. Os Sem Terra planejam ocupações de latifúndios improdutivos no estado e a construção de uma articulação com diversos movimentos sociais para fortalecer a luta pela Reforma Agrária, contra a violência dos trabalhadores e exigir a condenação de Adriano Chafik.
Despejos
O Judiciário mineiro emitiu ações de despejo para 21 acampamentos de trabalhadores Sem Terra em Minas. “A caneta que assina as ações é do Judiciário, aliado ao latifúndio, que depois de oito anos não julgou os responsáveis pelo Massacre de Felisburgo. O sucateamento e falta de estrutura do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no estado também impedem a desapropriação de terras e o assentamento das famílias”, denuncia Silvio.
O Poder Judiciário determinou os despejos de 1000 famílias dos acampamentos das fazendas Corgo da Prata e Rancho Miura, pertencentes à Fibria, empresa de papel e celulose do Grupo Votorantim. “Essas fazendas, que totalizam 20 mil hectares, foram compradas com dinheiro público, do BNDES, para que fosse plantado eucalipto na área. Agora as terras estão abandonadas, e mesmo assim, o que está em vias de acontecer não é desapropriação, e sim um despejo das famílias”, afirma Silvio.
Os Sem Terra exigem que os despejos em todos os acampamentos do estado sejam suspensos.