Camponesas sem-terra sofrem aborto ao serem vítimas de tentativa de homicídio em Bom Jesus das Selvas. O Maranhão, ao lado do estado de Rondônia, está sendo palco, em 2012, de uma onda de violência sem precedentes nos últimos 20 anos. Confira denúncia da CPT Maranhão:
Em 25 de fevereiro de 2012, José Osvaldo Damião tentou matar, por atropelamento, durante a primeira ação armada contra as famílias, a gestante Fagnea Carvalho, grávida de três meses. A trabalhadora, em razão dos ferimentos, sofreu aborto. Um dia depois, quando um grupo de pistoleiros atacou novamente o Acampamento Dois Irmãos, a sem terra Maria de Fátima Andrade de Jesus, gestante de 4 meses, em razão das selvagerias praticadas pelo bando comandado pelo grileiro, também sofreu um aborto.
Mais violência!
O grileiro e assassino José Osvaldo Damião ingressou com ação de reintegração de posse contra as famílias Sem Terra em 25 de janeiro de 2012. Em menos de 24 horas, o juiz da Comarca de Buriticupu, Ailton Gutemberg, concedeu liminar em favor do grileiro. Após pedido de deslocamento da competência para a Justiça Federal, feito pela Advocacia Geral da União, a liminar foi suspensa em 26 de março.
A Divisão Estadual de Regularização Fundiária da Amazônia, com base em registros cartoriais, informou que 80% do território da fazenda foram sobrepostos à área denominada Gleba São Paulo, cujo domínio é da União e os outros 20% está sobreposta à área em nome de outra pessoa. Conclui, então, “que a fazenda Rio dos Sonhos, cujo suposto domínio é de José Osvaldo Damião e seu filho, na realidade não pertence a eles, pelo menos no que diz respeito ao objeto da disputa da posse...”.
Há comentários na cidade de que o grileiro José Osvaldo Damião teria contratado pistoleiros, que andam livremente pelas ruas. Várias lideranças do acampamento, como João Nanan e Derivânia Soares, Virgulino Guajajara, receberam ligações telefônicas anônimas com ameaças de morte. Ao longo da estrada que dá acesso ao acampamento, o grileiro José Osvaldo Damião impôs toque de recolher a partir das 18 horas.
Os camponeses e as camponesas já fizeram várias tentativas de Registro de Ocorrência, em apenas uma conseguiram fazer o registo, entretanto, nenhum inquérito foi instaurado pela Polícia Civil.
Vale lembrar que no ano de 1994, o lavrador Joaquim Bel Gomes, de 68, pai de 07 filhos, foi morto na Gleba Pequiá-Brejão/Trecho Seco, município de São Francisco Brejão, sudoeste do Maranhão, pelo ex-policial civil José Benedito Santana, quando da invasão da gleba por pistoleiros a mando de José Osvaldo Damião. Outros doze trabalhadores ficaram feridos. Nunca houve apuração do crime.
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – MARANHÃO
COORDENAÇÃO REGIONAL