No dia 26 de março de 2012, cerca de 20 famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), provenientes das periferias do município de Ecoporanga, norte do Espírito Santo, ocuparam uma área de aproximadamente 02 hectares, a fim de reivindicar a criação de um acampamento permanente no referido município, bem como denunciar que o imóvel é uma área pública do antigo Patrimônio do Bagre que foi incorporada nas terras da fazenda Vista Alegre.
(site Barra)
No dia seguinte à ocupação, outras 80 famílias se juntaram ao grupo inicial.
Breve histórico da área:
Em 1962, esta terra pública foi doada à Igreja Católica, onde foram construídos uma capela, um pequeno vilarejo e um cemitério (atrás da capela). Atualmente, a capela ainda permanece no local. Porém, o vilarejo e o cemitério foram destruídos, desaparecem para dar lugar à plantação de capim. Os familiares que tiveram seus entes enterrados na localidade convivem, todos os anos, em ocasião do dia de finados, com a angústia de não poderem visitar os túmulos e fazerem as orações para seus mortos, uma antiga tradição católica. Sem falar no crime de desrespeito para com os corpos ali sepultados e da conivência do Poder Público que permanece em silêncio sobre o fato, ano após ano.
Infelizmente, as 100 famílias que hoje ocupam a área invadida pelo dito fazendeiro e sua esposa, estão prestes a serem despejadas “de uma área pública”, porque o Estado do Espírito Santo, através do Poder Judiciário, representado aqui pela 1ª Vara do Fórum Ministro Pereira de Sampaio, de Ecoporanga, julgou que “a área pública” pertence ao fazendeiro. Com essa medida o judiciário local prova que longe de ser um instrumento de justiça é praticamente um órgão validador dos poderosos.
O curioso é que o mandado de reintegração de posse aconteceu no mês de abril de 2012. Período em que diversas pessoas fazem memória dos 50 anos do sangrento MASSACRE DE ECOPORANGA, ocasião em que centenas de posseiros foram mortos, torturados e expulsos das suas terras, por pistoleiros que agiram sob ordens de fazendeiros, madeireiros e por uma junta militar.
Assim, mais uma vez, Estado e Latifúndio atrelados massacram aqueles que lutam pela Reforma Agrária.