"Se a Rio+20 se perguntasse o que aconteceu com a civilização Maia, se resolvesse tirar dali alguma lição séria para o futuro da humanidade, talvez pudéssemos aprender como fazer uma transição civilizacional sem pôr a humanidade em risco". Confira artigo de Roberto Malvezzi.
Roberto Malvezzi (Gogó)
Entramos 2012 como temos entrado os últimos anos: muita chuva, enchentes, deslizamentos, desabrigados e mortos. É a junção dos fenômenos climáticos, cada vez mais graves, com a penúria social de milhares de famílias. A combinação é pura dinamite. Falta chamar os ruralistas para justificar as mudanças no Código Florestal.
Muito se fala também numa previsão Maia para o fim do mundo em 2012. Outros estudiosos dessa cultura afirmam que essa é uma interpretação equivocada. O fato é que, essa cultura fantástica em conhecimentos astronômicos, matemáticos e arquitetônicos, praticamente desapareceu de um dia para o outro, sem que os estudiosos saibam exatamente qual foi a causa. Uma das mais aceitáveis é a de uma crise socioambiental profunda, com a decadência da base produtiva, eliminando aquele mundo avançado simplesmente pela fome.
Esse é o ano da Rio+20. Ali os donos do mundo deverão dar algum norte para o futuro da humanidade. Já tivemos duas grandes cúpulas mundiais para repensar os rumos da história. A ciência tem feito sua parte. A humanidade está mais consciente de seus estragos e dos limites do planeta que habita. Mas, o mundo da política, subordinado ao capital, não consegue dar passos para superarmos desafios que nos aguardam num breve século 21. Só sabemos que até o final desse século a Terra e a humanidade serão completamente diferentes do que são hoje. As previsões são terríveis.
Se a Rio+20 se perguntasse o que aconteceu com a civilização Maia, se resolvesse tirar dali alguma lição séria para o futuro da humanidade, talvez pudéssemos aprender como fazer uma transição civilizacional sem pôr a humanidade em risco.
Entretanto, pelos documentos preparatórios, tanto do Brasil como da ONU, o que vem aí é apenas a proposta de reciclar o capitalismo, agora com a chamada economia verde. Novas tecnologias são necessárias, como novas fontes de energia, assim como o cuidado com as florestas, a água e os solos. Mas, se o modelo continuar socialmente sujo, não há como construir uma economia limpa.