Texto de Roberto Malvezzi (Gogó), da CPT, publicado na edição impressa 509 do jornal Brasil de Fato - Uma série de iniciativas expropriadoras no Nordeste está transtornando o mundo dos pequenos agricultores. O pior do fato é que elas vêm pelas mãos de órgãos governamentais, contrariando o discurso oficial de apoio a essa população que vive na terra.
Um dos casos em questão acontece no projeto Jaíba, na região do Vale do São Francisco, em Minas Gerais. Aquele que foi criado para ser o maior projeto contínuo de irrigação da América Latina, hoje vegeta quase morrendo. Os 100 mil hectares preparados para serem algo fantástico, não passam de um ralo do dinheiro público maior que o próprio rio São Francisco. Mas ali foram assentadas algumas famílias de agricultores, correndo hoje o risco de serem removidas de seus lugares pelas mãos da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
O mesmo acontece perto à foz do São Francisco, na região sergipana de Neópolis. Ali, na década de 1970, quase um milhar de famílias receberam lotes da Codevasf como compensação pelas perdas ocasionadas rio acima pelas barragens. Agora, os rizicultores estão tendo seus lotes leiloados por conta de dívidas que jamais conseguiram pagar, particularmente aquelas contraídas junto ao Banco do Nordeste.
Finalmente, na região do Apodi, Rio Grande do Norte, o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Denocs), encaminha a expropriação de dezenas de famílias de agricultores familiares que estão há décadas no lugar, com suas vidas e propriedades bem estruturadas, produzindo alimentos que abastecem toda a região. Pois bem, uma iniciativa de políticos potiguares, aliados de Dilma, está conseguindo impor a desapropriação dessas famílias para implantar em seu lugar a agricultura empresarial irrigada, com finalidade de exportação.
Essa é a reforma agrária que acontece no Nordeste, isto é, onde houver sol, água e solos aptos, o agro e hidro negócios vão expropriar os agricultores familiares para implantar a agricultura empresarial de exportação.
Todos esses atos vem pelas mãos de organismos subordinados ao governo federal.