Durante o Angelus deste domingo (11), o Papa manifestou proximidade às populações afetadas pelas queimadas no mundo. Francisco citou a situação do Pantanal, o terceiro bioma brasileiro que mais sofre por causa dos incêndios. O Cerrado, reconhecido como a savana mais rica do mundo do ponto de vista da diversidade biológica, é o segundo bioma mais atingido pelo fogo no país e conta hoje como uma campanha de monitoramento da Comissão Pastoral da Terra intitulada “Radar das Queimadas no Cerrado”.
TEXTO: Andressa Collet - Vatican News
Colaboração: Eanes Silva, da Pastoral do Migrante de Balsas (MA)
FOTO: Vatican News/divulgação
O Papa Francisco, ao final da oração mariana do Angelus de domingo (11), lamentou os incêndios que “devastam” várias partes do mundo e manifestou “proximidade às populações afetadas”, assim como “aos voluntários e aos bombeiros que arriscam a vida” para combater o fogo. O Pontífice citou, particularmente, os Estados Unidos e regiões da América do Sul, como o próprio Pantanal.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, de janeiro a setembro deste ano foram registrados 18 mil focos de queimadas no Pantanal (em 2019, por exemplo, foram 6 mil). Os dados revelam que os incêndios já destruíram 26% de todo o bioma em 2020. O Papa afirmou:
“Muitos incêndios são causados pela seca persistente, mas também há incêndios causados pelo homem. Que o Senhor sustente aqueles que estão sofrendo as consequências dessas catástrofes e nos torne atentos para preservar a Criação.”
Em defesa do Pantanal, da Amazônia e do Cerrado
As queimadas também têm colocado em risco outros biomas brasileiros, como a Amazônia e o Cerrado. Diante desse cenário, mais de 90 movimentos e organizações da sociedade civil divulgaram uma nota pública conjunta em 28 de setembro, denunciando “a destruição pelo fogo criminoso” e em defesa dos direitos dos “povos indígenas e comunidades quilombolas, tradicionais e assentadas de reforma agrária”.
A situação no Cerrado
Dados do Inpe revelam que entre os biomas brasileiros, a Amazônia é a mais afetada pelas queimadas neste ano, seguida pelo próprio Cerrado que, segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, é o segundo maior bioma da América do Sul e se estende ao longo de grandes áreas do país, correspondendo - a grosso modo - ao Planalto Central, ou seja, 22% do território nacional. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo por abrigar mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas.
O Cerrado é um bioma também com grande importância social, além de ambiental, já que muitas populações sobrevivem dos seus recursos naturais, mas que tem sofrido devido à intervenção humana, “a expansão da fronteira agrícola brasileira” e “uma exploração extremamente predatória”, ainda aponta o Ministério do Meio Ambiente.
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Campanha “Radar das Queimadas no Cerrado”
Um projeto articulado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT do Cerrado), juntamente com as comunidades e povos tradicionais do bioma, está realizando desde setembro a campanha “Radar das Queimadas no Cerrado”. O monitoramento de informações sobre o impacto das queimadas segue até novembro e está sendo feito diretamente no território e inclusive através da internet, através de um formulário on-line que pode ser preenchido no site www.cptnacional.org.br, como explica Valéria Santos, da pastoral do Tocantins:
“A ideia da campanha é mobilizar a população do campo, mas também da cidade, para registrar os impactos das queimadas, no modo de vida das comunidades, nos territórios. Então, é montar um banco de dados com essas informações produzidas pelas comunidades, através de um formulário on-line, na qual a comunidade ou a liderança pode preencher, informando a comunidade que está passando pela questão das queimadas, a origem dessas queimadas e os impactos: os prejuízos que essas queimadas têm causado nessas comunidades do Cerrado. Estamos montando um banco de dados, com essas informações, e a ideia é realizarmos denúncias, mas também a produção de materiais de orientação para população, convidando-a a conservar o Cerrado, evitar as queimadas e mostrar também o prejuízo que as queimadas provocam para a população geral, especialmente para a população que está no campo, que tem suas roças, que tem suas casas."
“Todos nós sofremos com as queimadas. Isso influencia com a mudança climática, influencia no ar que respiramos, especialmente neste período de pandemia, onde precisamos estar com uma qualidade do ar boa, para respirarmos ar puro. Então, é importante que todos se engajem nessa campanha e compartilhem com outras pessoas também. Vamos nos mobilizar para defender o Cerrado: Cerrado sem queimadas!”