COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Manifestantes de diversos movimentos sociais, como  MST, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comunidades Quilombolas e Conselho Indigenista Missionário (CIMI) ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em São Luís (MA), na manhã desta quinta-feira (25/8).

 

 


 

 

(Página do MST)

Os manifestantes pedem uma audiência com o superintendente estadual do Incra, José Inácio, para discutir medidas para o assentamento das 3.000 famílias acampadas em todo o estado, a demarcação das terras indígenas e o reconhecimento das áreas de remanescentes de quilombos.

Os movimentos cobram também medidas para desenvolver as comunidades rurais, como eletrificação rural, moradia e estradas.

Jornada

No começo da semana, cerca de 600 trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, com a participação do MST, promoveram manifestações em São Luís para cobrar o assentamento das famílias acampadas.

Foram realizadas marchas pelas principais ruas da capital e protestos em frente ao Palácio de Justiça, para denunciar a corrupção no governo de Roseana Sarney, desvios de verbas na saúde e educação.

Os trabalhadores reivindicam também Reforma Urbana, a demarcação das áreas indígenas, reconhecimento dos territórios quilombolas.

Além disso, denunciaram o aumento da violência e conflitos no campo com o avanço dos grandes projetos econômicos de empresas, como a Vale e a Suzano Papel Celulose, e o descaso do Poder Judiciário com as mais de 96 lideranças do campo ameaçadas de morte.

Miséria

Apesar de ter tirado cerca de 600 mil pessoas da pobreza extrema na última década, o Maranhão ainda é o estado que tem maior parcela da população vivendo com até R$ 70 mensais. São 1,7 milhão pessoas, de acordo com o IBGE, o que representa 25% dos 6,5 milhões de maranhenses.

O agronegócio já ocupa quase o dobro do espaço da agricultura familiar: 8,4 milhões de hectares contra 4,5 milhões de hectares, respectivamente, de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE (2006). No entanto, a agricultura familiar é a fonte de renda de 850 mil pessoas, enquanto o agronegócio emprega apenas 133 mil.

Violência no Campo

A violência no campo e o número de conflitos por terras aumentaram no Maranhão, de acordo com o relatório Conflitos no Campo 2010, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). De acordo com o documento, o estado teve um aumento de 136% em ocorrências de violência contra a ocupação e posse, entre 2009 e 2010. Foram registradas 170 ocorrências em 2010, contra 72 em 2009. O número de conflitos no campo aumentou 77%: foram registrados 199 conflitos em 2010, contra 112 em 2009.

O relatório explica que os conflitos no campo têm origem principal em questões relacionadas à concentração de terra. Hoje, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) revela que, entre 1998 e 2008, o número de imóveis rurais de propriedade de empresas, tanto nacionais como estrangeiras, passou de 67 mil para 131 mil, sendo um total de 177 milhões de hectares.

Além dos registros de uso da violência para conter movimentos e manifestações camponesas, há também o registro de mortes ligadas à exploração e luta entre classes, além de disputas por propriedades. Em 2010, foram registrados 34 mortes por conta da violência no campo, um aumento de 31% em relação a 2009, quando foram registradas 26 mortes. No Maranhão, ano passado, foram quatro mortes, em Santa Luzia, São Francisco Férrer, Codó e São Mateus do Maranhão. Todos foram identificados no relatório como líderes camponeses que comandavam ações populares por ocupação e reconhecimento de terras.

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