Ações em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, denunciam impactos do agronegócio na saúde da população e no meio ambiente. Mulheres da Via Campesina distribuíram panfletos sobre este tema.
Cerca de 500 mulheres organizadas no Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Popular Urbano (MPU), Movimento Trabalhadores Desempregados (MTD) e demais movimentos sociais ligados ao campo e a cidade, realizam durante o dia de hoje (01/02), uma atividade em Passo Fundo RS, no Seminário Nossa Senhora Aparecida. Durante a manhã houve um estudo sobre a questão da violência e sua relação com os agrotóxicos, com assessoria de Mara Tagliari, professora Doutora em Toxicologia e Saúde da Mulher pela Universidade de São Paulo - USP.
Para Cristiane Nadaletti, do MAB, “são inúmeros os efeitos sofridos pelas mulheres, e as incoerências que este modelo traz, que agravam ainda mais as contradições históricas nas relações de gênero. Porém, nosso objetivo é denunciar esta situação de violação dos Direitos Humanos, colocar a discussão em pauta, e valorizar as lutas históricas protagonizadas por mulheres e homens, como sujeitos políticos no processo de transformação social, onde a vida e novas relações sociais sejam a base fundamental de um novo projeto de sociedade”.
Marilene Schalavin, do MMC, explica que hoje, o meio rural é obrigado a conviver com esse grave problema que é a utilização dos agrotóxicos. “Cada vez mais a concentração de substâncias altamente prejudiciais à saúde, a utilização dos agrotóxicos viraram hábitos para muitas famílias, sendo ainda avaliados como inofensivos pelos agricultores/as. No entanto, as famílias que querem ou pretendem produzir com menor impacto ambiental, ou seja, produzir alimentos limpos ou ecológicos acabam não conseguindo devido às propriedades serem pequenas e acabam sendo engolidas pelos agrotóxicos utilizados pelos seus vizinhos. Dados nos mostram que cada vez mais estão surgindo doenças causadas pelo uso dos venenos.”, conclui Schalavin.
Débora Varoli, do MPA e membro da coordenação da atividade em Passo Fundo acrescentou, ainda, que “Nós mulheres dos movimentos sociais do campo e da cidade estamos mobilizadas neste dia, para celebrar mais uma vez o nosso dia internacional das mulheres, participando de mais uma jornada de lutas, por isso defendemos um projeto de agricultura camponesa integrando a natureza com a sabedoria das mulheres articulado a um projeto popular para o Brasil”.
Mulheres camponesas e urbanas bloqueiam Avenida Brasil
Cerca de 500 mulheres ligadas a Movimentos Sociais do campo e da cidade, bloquearam a Avenida Brasil, em Passo Fundo (RS), para denunciar a violência causada pelo uso dos agrotóxicos na agricultura e a não fiscalização por parte dos órgãos públicos, como o Ministério Público Federal.
As mulheres já estavam reunidas pela manhã no Seminário Nossa Senhora Aparecida, onde fizeram um momento de estudo sobre a questão da saúde e o uso dos agrotóxicos.
Além de fechar a avenida, o grupo seguiu até o escritório da Syngenta na cidade, onde realizaram um ato, deixando embalagens de agrotóxicos vazios e caveiras de animais, simbolizando a negação deste sistema de morte, que o uso dos agrotóxicos causa.
Em seguida, partiram em caminhada até o Ministério Público Federal, órgão responsável por fiscalizar a utilização dos agrotóxicos na agricultura, onde entregaram um documento com denúncias e proposições. Durante a caminhada, panfletos com denúncias e proposições foram distribuídos à população.