COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Vinculada à Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, Articulação disponibiliza Cartilha e divulga vídeo-manifesto entre os dias 29 de junho e 02 de julho

Imagens do Encontro de Mulheres do Cerrado realizado no ano de 2019, em Luziânia-GO. Foto : Dagmar Talga 

Nesta semana, entre os dias 29 de junho e 02 de julho, acontece a “Semana das Mulheres do Cerrado: Construindo Resistências”, evento virtual realizado pela Articulação das Mulheres do Cerrado com o apoio de Misereor e da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE). No dia 29 foi lançado o vídeo-manifesto da Articulação e nos dias 01 e 02 de julho acontece a roda de conversa virtual “Mulheres do Cerrado: Espaço de Cura” e o lançamento público da Cartilha “Mulheres do Cerrado: Construindo Resistências”, respectivamente.

 

“As mulheres do Cerrado estão em pé e em luta”. Essa afirmação, vocalizada no vídeo-manifesto das Mulheres do Cerrado, nos ajuda a começar a compreender as motivações para a realização das atividades da “Semana das Mulheres do Cerrado”. O coletivo de mulheres denuncia o avanço do agronegócio, o aumento da violência e da destruição dos territórios do Cerrado, causada pelo desmatamento, incêndios criminosos e poluição dos rios e nascentes da região. 

Com a pandemia da Covid-19, os conflitos no campo se intensificaram, oriundos de processos de grilagem de terras e da não regularização fundiária dos territórios de vida e de direito dos povos indígenas e de comunidades tradicionais da região. De acordo com a publicação Conflitos no Campo Brasil 2020, lançada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), entre 2019 e 2020 houve um crescimento de 25,08% de conflitos por terra no Brasil.

Nos últimos dez anos (2011-2020), a CPT registrou 77 tentativas e 37 assassinatos de mulheres em conflitos fundiários e socioambientais. Eram trabalhadoras rurais sem-terra, quilombolas e das etnias originárias, em sua maioria. O número de ameaças de morte também é alarmante: neste mesmo período, de 2011 a 2020, 446 mulheres foram ameaçadas de morte, com posseiras (90), quilombolas (60) e trabalhadoras sem-terra (49), reunindo o maior contingente de ameaçadas.

Em seu manifesto lançado no dia 8 de março de 2021, a Articulação das Mulheres do Cerrado denuncia também as práticas machistas e patriarcais perpetuadas por empresas e pelo Estado brasileiro, que corroboram para o aumento do feminicídio no país. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil uma mulher é agredida fisicamente a cada dois minutos, tendo sido registradas 266.310 ocorrências de lesão corporal em decorrência de violência doméstica e 1.326 registros de feminicídio, em 2019. 

Leila Lemes, agente da Comissão Pastoral da Terra em Goiás e integrante da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, explica que os materiais lançados nesta semana são frutos de um processo de construção coletiva iniciado no primeiro e no segundo encontro de Mulheres do Cerrado, realizados em 2019 e 2020. “São conteúdos que reúnem saberes dessas mulheres, que vivem nas comunidades tradicionais, e que enfrentam todos os dias o sistema capitalista, racista, machista e patriarcal, mas, com a força de suas ancestrais, elas se apoiam para lutar e conquistar a liberdade e igualdade que almejamos”, enfatiza Lemes.

Sobre a roda de conversa virtual, que será realizada nesta quinta-feira, dia 01 de julho, às 18h00 (horário de Brasília), Leila destaca que será um espaço de partilha das resistências, de união, de autonomia e de solidariedade das mulheres. “Mesmo no espaço virtual, com a fala das mulheres nos juntamos, nos identificamos e nos fortalecemos, o que é essencial nestes tempos tão desafiadores que vivemos. Sabemos que as mulheres são as mais impactadas na conjuntura atual”, finaliza a agente da Pastoral.

A Articulação das Mulheres do Cerrado surgiu como um espaço de auto-organização das mulheres no âmbito da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado em 2019, durante a realização do I Encontro Nacional das Mulheres do Cerrado. De lá para cá, o coletivo se reúne periodicamente para organização de ações coletivas e divulgação de materiais formativos e políticos sobre as lutas e resistências das mulheres cerradeiras.

Serviço:

Semana das Mulheres do Cerrado: Construindo Resistências

Data: 29 de junho a 02 de julho

Roda de conversa virtual “Mulheres do Cerrado: Espaço de Cura”

Data: 01 de julho, às 18h00 (horário de Brasília)

Lançamento da Cartilha “Mulheres do Cerrado: Construindo Resistências”

Data: 02 de julho

Transmissão e canais de lançamento dos materiais: 

Facebook e Youtube da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Facebook e Youtube da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado

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