COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

O coletivo recém criado "Mulher por Mulher", com o apoio da CPT Araguaia, Centro de DHs Dom Pedro Casaldáliga e Rede de Sementes do Xingu, realizou diversas ações no 8 de março na região da Prelazia de São Félix do Araguaia. A live "Pela Vida das Mulheres: Mais Diálogo e direitos garantidos" fez memória de todas as mulheres que passaram pela região e contribuíram na saúde, na educação, na luta por direitos e na defesa das mulheres da comunidade. Uma carreata também foi realizada para chamar a atenção para a necessidade de fortalecer os movimentos em direção à igualdade de direitos e formação de coletivos de mulheres nos municípios, com o intuito de criar uma rede de diálogo, apoio e proteção às mulheres.

Durante a ação, um carro de som compartilhou dados sobre violência contra as mulheres. Mato Grosso é o segundo estado que mais teve crescimento nos casos de mulheres mortas durante o período de isolamento social, ficando atrás apenas do Maranhão onde o crescimento foi de 166%. E, desde o ano passado, continua sendo o quarto estado Brasileiro com mais registros de violência doméstica, ficando atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 

Brenda Vieira, Claudia Brito, Marciel Santos e Naira Maranhão - CPT Araguaia

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, o coletivo “Mulher por Mulher”, apoiado pelas instituições: Centro de Direitos Humanos Dom Pedro Casaldáliga, Comissão Pastoral da Terra Araguaia e Rede de Sementes do Xingu, contou com a presença de quase 50 mulheres de vários municípios da região Araguaia no bate-papo sobre igualdade de gênero através da live: Pela Vida das Mulheres: Mais Diálogo e direitos garantidos. Fizemos memória das mulheres que, na Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), lutaram para mudar a realidade social neste território, seja na área da saúde, educação, assistência social, cultura, etc.

Entre tantas mulheres, foram lembradas: Irmãzinhas de Jesus (Genoveva - Veva, Odile, Beth) que são consideradas as parteiras de um povo - (Tapirapé), Tia Irene na educação e assistência social em São Félix do Araguaia, professoras/educadoras que fizeram o Inajá, Unemat e fazem história na educação, lutando ainda hoje por uma educação de qualidade. Ir Jeane, Maria José - Zezé, e todas as agentes jurídicas populares; os grupos de comadres nos diferentes municípios da Prelazia, os grupos e os movimentos de mulheres, cada uma das mulheres que lutam e doam suas vidas diariamente para um mundo melhor. Em 2020 foi um ano terrível para todas nós, o agravamento da pandemia e o isolamento social contribuíram muito para o aumento da violência doméstica no País.

Para debater sobre este tema foram convidadas três mulheres que atuam diretamente nesta ação: Marcella Milhomem, investigadora da polícia civil, atuando nos crimes relacionados a violência contra mulher e crianças; em Ribeirão Cascalheira. Ferla Borges Pereira, Assistente Social concursada lotada na proteção básica no município de Porto Alegre do Norte e integrante do núcleo de Direitos Humanos local. Valdenice Vieira Lima, investigadora da polícia civil de Porto Alegre do Norte-MT.

Tivemos relatos fortes, e impactantes como o caso que Valdenise nos relatou que uma mulher de 18 anos, com dois filhos, agredida pelo marido mas que não o denuncia por não ter a quem pedir ajuda. Outra realidade também relatada pelas palestrantes, é que as mulheres acabam retirando a queixa, por se sentirem coagidas pelos agressores, por serem dependentes financeiramente e ou afetivamente, ou por vergonha.

A falta de amparo tanto financeiro quanto psicológico faz com que as mulheres não se sintam seguras para denunciar e muitas vezes a vergonha de contar para os seus familiares e amigos que está sendo agredida, as impede de buscar ajuda.

Após a Live ao final desse dia tão emblemático, o novo coletivo de mulheres “Mulher por Mulher” que vem para fortalecer as mulheres da cidade de Porto Alegre do Norte (MT) realizou uma carreata com som automotivo, buzinaços e vozes que pediam o fim da violência contra a mulher em protesto ao grande número de casos de violência doméstica e de estupros que ocorrem em nossa cidade. Chamamos a atenção, também, para a necessidade de fortalecer os movimentos em direção à igualdade de direitos e formando coletivos de mulheres nos municípios, a fim de criarmos uma rede de diálogo, apoio e proteção às mulheres.

Durante a carreata foram apresentados dados de violência contra a mulher no Brasil que foram retirados da primeira atualização do relatório produzido a pedido do Banco Mundial, ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) que relata que em 2020, a violência doméstica cresceu e as denúncias diminuíram. Mais de 260 mil casos foram registrados, apontando um crescimento de 5,2%. Mato Grosso é o segundo estado que mais teve crescimento nos casos de mulheres mortas durante o período de isolamento social, ficando atrás apenas do Maranhão onde o crescimento foi de 166%. O aumento no número de feminicídio registrados nos 12 estados analisados foi de 22,2%, saltando de 117 vítimas em março/abril de 2019 para 143 vítimas entre março/abril de 2020. O estudo aponta ainda registros de violência doméstica. Nesse tópico, a pesquisa mostra que Mato Grosso teve uma diminuição de 16,7%. Mato Grosso, desde o ano passado, continua sendo o quarto estado Brasileiro com mais registros de violência doméstica, ficando atrás de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Mesmo com as restrições da pandemia da Covid-19, o dia 08 de março de 2021, foi uma data devidamente solenizada. Em meio às mortes, fome, hospitais lotados e lágrimas, nós mulheres seguimos, ao longo dos anos, com lutas e vitórias. Portanto, mais do que nunca, no meio do caos que estamos vivenciando aflora o papel da mulher, de geratriz e guardiã da vida, mesmo que nem todas tenham, necessariamente, passado pela experiência da maternidade.

 

 

 

Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Read more
Analytics
Tools used to analyze the data to measure the effectiveness of a website and to understand how it works.
Google Analytics
Accept
Decline
Unknown
Unknown
Accept
Decline