COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Evento realizado neste sábado (05) uniu diversos movimentos populares do campo em prol da agenda sobre diversidade sexual e lutas populares. Durante a Plenária também foi lançada a primeira cartilha da Via Campesina Brasil que aborda o tema da diversidade sexual no campo

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
Foto: Reprodução - Via Campesina

“Estamos aqui para somar, ouvir e recolorir as lutas da Via Campesina”. Assim foi a 1ª Plenária LGBTI do Campo, realizada ontem (05) pela Via Campesina de forma virtual devido à pandemia de Covid-19. O evento contou com música, poesia, discursos e muita emoção com os mais de 60 participantes do campo que integram diversos movimentos e organizações populares da Via, a maior articulação de trabalhadores e trabalhadoras do mundo.

Embalada pelas músicas de Cida Dias, do MST na Paraíba, a plenária foi coordenada por Crísea Cristo, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e Mateus Quevedo, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). “Colorindo a luta, semeando orgulhos e resistências, trazemos poesia e lealdade ao amor que nos mantém no caminho, com místicas e esperanças renovadas”, afirmou Mateus.

A 1ª Plenária LGTBI da Via Campesina teve como objetivo discutir temas centrais como a luta contra a violência, o patriarcado e o agro-hidro-minero-negócio. O coletivo traz o desafio de unir a luta socialista à luta anti-patriarcal, antirracista, anti-homofóbica e outras opressões diárias, como foi lembrado na análise de conjuntura inicial.

 

Coletivo LGBT do MST na Parada do Orgulho LGBTI, em 2016. Foto: Arquivo MST

 

"Temos a capacidade e a generosidade para debater a superação destes desafios, para mantermos forte a resistência e luta de classes contra as privatizações, na luta por nosso território. Somos capazes de superar esses problemas no coletivo, temos a chance de influenciar muito positivamente a acumulação de forças", afirmaram os participantes.

Estiveram presentes representantes do MST, MMC, MPA, Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

A juventude esteve presente na voz de organizações como o Levante Popular, a Pastoral da Juventude Rural (PJR) e a Articulação da Juventude Camponesa (AJC).

“É a partir desta voz coletiva que vencemos. É a primeira de muitas que virão para a luta, em especial nestes dias tão difíceis, de onda de ódio, de enfrentamento ao desmonte do Governo Bolsonaro”, afirmou Hérica Janaína, da Pastoral da Juventude Rural (PJR), durante sua fala.

Lançamento da cartilha

Durante a Plenária também foi lançada a primeira cartilha da Via Campesina Brasil que aborda o tema da diversidade sexual no campo, intitulada “Diversidade Sexual e de Gênero na Via Campesina: Rompendo o silêncio sobre a existência das LGBTI no campo”.

A publicação reúne textos que apresentam reflexões sobre a luta LGBTI no Brasil e no mundo, além de visões sobre a sexualidade camponesa com base na luta política construída pelos movimentos populares que constituem a Via Campesina em 70 países de todos os continentes.

“O maior desafio é colocar esta pluralidade, fazer com que a gente consiga sintetizar toda luta LGBTI no campo, em diferentes frentes. Ela foi elaborada a muitas mãos, foi um esforço coletivo durante esta pandemia”, afirmou Alessandro Mariano, do Coletivo LGBTI Sem Terra ao apresentar a cartilha.

“A tarefa militante é estudar: nossa maior ousadia para derrubar o capital e a hegemonia do agronegócio é lendo e se informando”, afirmou Dê Silva, pedagoga e mulher transexual do MST no Mato Grosso. Neste sentido, a cartilha se apresenta como um instrumento importante para divulgar as discussões em torno da diversidade sexual e de gênero nas populações do campo.

“A junção de várias ideias e várias vivências traz o esperançar de massificação do debate, de dias melhores para os nossos territórios. A cartilha tem a voz de quilombolas, de membros das comunidades tradicionais, de assentados e acampados da Reforma Agrária”, concluiu.

Erisvan Guajajara, da aldeia Lagoa Quieta, participou representando a Mídia Índia, uma das mídias populares dos povos indígenas, e demonstrou sua satisfação em participar do coletivo. “Foi uma conversa fantástica, incrível demais gente, muito obrigado por este espaço, saio daqui mais fortalecido ainda!”.

O sentimento foi compartilhado. “Parabéns À Via Campesina pela construção desse espaço, parabéns aos palestrantes pelas intervenções. Seguimos nas trincheiras, lutando para construção de uma sociedade melhor para as LGBTI”, concluiu a mensagem enviada no debate.

 *Editado por Solange Engelmann

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