COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Tradicionalmente, há 22 anos, o dia 7 de setembro é marcado pelas manifestações do Grito dos Excluídos, que reúne movimentos sociais, sindicais e pastorais do campo e da cidade. Em 2016, o Grito reuniu milhares em mais de 20 estados do país, além do Distrito Federal, e uniu-se a atos com o mote “Fora Temer!” e “Nenhum direito a menos!”.

 

(Fonte: Cimi | Imagem: Agência Brasil)

Tendo como lema “Este Sistema é Insuportável: Exclui, Degrada, Mata”, as manifestações do Grito dos/das Excluídos(as) de 2016 foram, em grande parte, invisibilizadas pela mídia tradicional e desprezadas pelo governo. Em Brasília, onde o ato reuniu pelo menos 10 mil pessoas, o balanço inicial divulgado por veículos da mídia tradicional contabilizava, conforme contagem da Polícia Militar, apenas “600 pessoas”. O número da PM foi atualizado depois para 2,7 mil pessoas, ainda muito abaixo da realidade.

O ato na capital federal iniciou sua concentração às 9h da manhã, em frente ao Museu Nacional, mas só pôde partir em marcha pela Esplanada dos Ministérios depois que o desfile oficial do Dia da Independência foi encerrado, por volta das 11h e meia. Os manifestantes marcharam durante cerca de uma hora, até o Congresso Nacional, com gritos e cantos de “Fora Temer!” e exigindo respeito à democracia.

Os indígenas e, entre eles, os Guarani Kaiowá, vindos do Mato Grosso do Sul, também marcaram presença em meio à multidão que se manifestou em Brasília.

“Esse novo governo, o Temer, a primeira coisa que ele quer fazer é revogar as Terras Indígenas. Nós não aceitamos esse governo golpista que está aí, e ele apoia a maior lei que está contra nós, que é a PEC 215”, afirmou, ao final do Grito, a Guarani Kaiowá Flávia Arino. 

Além da preocupação com o risco do governo Temer revogar demarcações de Terras Indígenas, Flávia destacou os ataques que representam a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 e a tese restritiva do marco temporal, adotada pela segunda turma do Supremo Temporal Federal (STF), que podem inviabilizar o direito constitucional dos povos indígenas a seus territórios tradicionais. 

“Estamos aqui por causa dos golpes que nós, indígenas, recebemos desde 1500. Os índios não vão deixar de sofrer golpes enquanto seus direitos não forem reconhecidos”, afirmou o Guarani Kaiowá Adalto Barbosa, que também participou do Grito dos/das Excluídos/as no Distrito Federal.

Em diversas capitais o Grito dos/das Excluídos/as reuniu milhares de pessoas. Em São Paulo (SP), foram 15 mil, segundo os organizadores; em Belo Horizonte (MG), foram pelo menos 10 mil. Em Salvador (BA), o ato também reuniu cerca de 15 mil pessoas. Houve grandes atos em diversas outras capitais e municípios do interior dos estados, embora ainda sem uma divulgação da estimativa de público.

 

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