COMISSÃO PASTORAL DA TERRA

 

Um grupo de 29 organizações sociais lançou uma Nota, ontem (14/06), em solidariedades à greve de fome realizada por oito pessoas que estão acampadas na sede do INCRA de São Luís, no Maranhão. As entidades responsabilizaram o governador do Maranhão, Flávio Dino, e a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, por “qualquer dano à saúde e a vida dos grevistas”, já que os dois “têm se mostrado indiferentes e insensíveis diante deste ato” dos oito maranhenses, entre camponeses, indígenas e quilombolas. Confira o documento na íntegra:

 

(Fonte: Vias de Fato) 

 

NOTA EM SOLIDARIEDADE AO ACAMPAMENTO BEM VIVER

Diante da indiferença das autoridades constituídas (federais e estaduais), oito pessoas permanecem, há seis dias, em greve de fome, na sede do INCRA, em São Luís do Maranhão. São elas: Valdenilde Gamela (indígena, 25 anos); Maria Doracy Ferreira (quilombola, 36 anos); Maria da Conceição (Concinha, quilombola, 46 anos); Antônio Pereira (camponês, 52 anos); Naildo Braga (quilombola, 33 anos); Deusdeth Martins (quilombola, 53 anos); Lurdilene de Jesus (quilombola, 25 anos); e Ivonete Galvão (quilombola, 44 anos). 

Acampados no INCRA desde à tarde da segunda-feira passada (08/06), quilombolas, indígenas e camponeses do Maranhão reivindicam ações efetivas para a titulação dos seus territórios. 

A greve de fome coletiva foi definida após uma assembleia geral. Esse ato extremo representa a urgência do cumprimento das pautas apresentadas pelo movimento. A origem do problema está no caráter genocida e racista do estado brasileiro, com o qual o governo Dilma está comprometido. As ações deste governo privilegiam seus compromissos com o modelo de desenvolvimento voltado para os grandes projetos, agronegócio e latifúndio. Isso resulta no total sucateamento dos órgãos que deveriam executar a política fundiária em favor dos povos e comunidades tradicionais. 

De maneira vergonhosa, o INCRA, na única audiência que teve com o movimento, ocorrida na sexta-feira (12/06), deixou claro seu descaso em atender as reivindicações, ao enviar um funcionário sem qualquer poder de decisão. 

Além disso, o governador Flávio Dino, com sua submissão ao modelo de desenvolvimento hegemônico e seu discurso de “mudança”, está omisso frente ao sacrifício e mobilização das comunidades quilombolas, indígenas e camponesas, com uma atuação que revela sua relação com a estrutura oligárquica do Maranhão. 

Assim, qualquer dano à saúde e a vida dos grevistas é de inteira responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff, do governador Flávio Dino, e do ministro Patrus Ananias, que até aqui têm se mostrado indiferentes e insensíveis diante deste ato.

 

14 de junho de 2015

Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Cáritas Brasileira Regional Maranhão

Associação dos Professores da UFMA (APRUMA)

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)

Jornal Vias de Fato

Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos

Irmãs de NotreDame de Namur

CSP-CONLUTAS

Teia de Povos e Comunidades Tradicionais

Grupo de Estudos Desenvolvimento

Meio Ambiente e Modernidade (GEDMA)

Articulação Nacional Quilombola

Movimento Quilombo Raça e Classe

Quilombo Urbano

Movimento Quilombo Brasil

Movimento Luta Popular

Coletivo Mandacaru

SINTRAJUF GESERMES/UFMA

GEPOILIS/UFMA

NERA/UFMA

LIDA/UEMA

LEPEC/UFPE

Movimento Mulheres em Luta

PSTU

Movimento Eu Quero uma Casa no Campus

ANEL

Centro Acadêmico de Direito (UFMA) – Gestão Fagulhas e CAGEQ/UFMA

Núcleo de Extensão e Pesquisa com populações e comunidades Rurais, Negras, Quilombolas e Indígenas (NuRuNI) da UFMA

Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAI)

 

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